Foto de 1906
Iporanga e sua
bela história
Começo esta postagem de maneira objetiva, dispensando apresentação mais formal, porque ela já está no blog, além do que, mais traços do perfil estão nas entrelinhas dos títulos, que encabeçam essa página, e também delineados no desenrolar dos escritos. Finalmente pela razão, de já estarem os temas balizados pelos cabeçalhos, vamos direto ao assunto e aos parâmetros que norteiam a moderação desta publicação. Penso que a divisa entre o que se pode escrever, ou não, dentro do texto convencional, levando-se em conta os limites da liberdade de expressão, principalmente quando se trata de pessoas reais, no mundo real, temos que no mínimo ser auto controlados. Além disso todos sabemos, que para não vulgarizar a linguagem ou comprometer pessoas, ou ainda sofrer retaliações desnecessárias, devemos seguir o padrão de linguagem bem comportada, e politicamente correta. Por isso, geralmente são deixados de lado, e não relatados alguns detalhes importantes da vida e da história, que ficam desconhecidos e até perdidos para sempre, na História do Brasil, do Mundo, enfim em tudo.A melhor obra escrita, e que através dos tempos o mundo mais leu, e lê, no meu entender é a Bíblia Sagrada, por esse fato, eu a considero a principal referência, também para a literatura. Porém as Sagradas Escrituras seguem critérios rígidos na seleção do material publicado, principalmente no que diz respeito aos evangelhos apócrifos. Explicando melhor, todos sabemos que os livros que compõem o volume sagrado, fazem parte de um conjunto maior, mas que alguns deles ficam de fora da obra, por conta de uma espécie de censura, feita pela Igreja, em razão de uma análise mais teológica do conteúdo, só permanecendo aquilo que os pastores consideram, além de bom, conveniente para a boa interpretação.
Dito tudo isto, eu acrescento que para seguir o critério que me arrisco a utilizar e que considero razoável, algumas coisas só poderão ser contadas, através de uma conversa pessoal, para a qual eu me encontro a disposição de qualquer um, que seja meu amigo. Espero que essa leitura lhes seja agradável, e que ela possa ser somada aos seus conhecimentos, bom humor, e satisfaça a todos. Agradeço pelo apoio e com a Graça de Deus "vamos em frente".
Foto de ilustres Iporanguenses em 1908 - Sentados: Athos dos Santos, Henrique Dias, Euclides da Silva Pereira, José Miguel, Lucidônio - Em pé: Diogo de Oliveira (Conhecido por todos como Diogo Lebre), Antero da Silva Pereira, Celso Descio, Antonio Julio, Oscar dos Santos e Amadeus Descio
No ano 1755, Garcia Rodrigues Paes , estava envolvido na busca de ouro no garimpo Santo Antonio no rio Iporanga, limite das terras de seu avó, Fernão Dias Paes, (segundo testamento mencionado por Pedro Taques). Ali estavam também, seu parente de Parnaíba, Antonio Leme de Alvarenga, o guarda-mór José Rollim de Moura que era filho do superintendente Bernardo de Moura, do antigo arraial da Mina de Paranapanema localizado naquela época, entre o arraial de Iporanga e o lugar onde hoje está o município de Guapiara, desde 1727, com eles também estava Nuno Mendes Torres, quando nesta área banhada pelo ribeirão Iporanga, explorada desde 1600, e onde havia muito ouro, conforme documentos e relatos existentes:
Fortes (1982:6) traz, por exemplo, informação, através de documentação que diz possuir, de que a partir de 1620, quando foi fundada, na vila de Iguape, a Casa da Oficina Real da Fundição do Ouro, todo metal encontrado, sobretudo nas localidades de Iporanga, Xiririca e Itatins, era transformado em barras. Almeida (1955 op.cit., p. 33) refere-se a um documento publicado pelo pesquisador Young no qual há uma petição de Domingo Roiz Cunha, de 1655, que traz notícias de minas de Ivaporunduva, Iporanga, Apiaí e Sorocaba. Fortes, R. 1982. “História do Vale” A Tribuna do Ribeira. Registro/SP. (Texto datilografado).
Fundaram, no local um novo arraial Guapira, ergueram nova capela coberta de telha, no lugar da antiga, de Santo Antonio, coberta de palha que existia. Estavam situados então, a sete quilometros da foz do referido ribeirão com o rio Ribeira de Iguape, estabeleceram o novo povoado que passou a chamar-se arraial de Santana da Mina de Iporanga ligado à vila de Iguape. Na pequena capela, foi colocada a imagem de Santana, que passou a ser a padroeira, ela foi doada por Garcia Rodrigues Paes, enquanto Antonio Leme de Alvarenga, doou o diadema em ouro em forma de resplendor para a Santa, isto tudo segundo um dos livros Tombo que se encontra na diocese de Registro, SP.
Em 1805, ainda havia a tapera desta capela, hoje resta somente a fundação, da vila.
O transporte naquela época, era feito também através dos rios, mas com a diminuição das águas e o assoreamento no rio Iporanga, causado pela exploração de ouro, tornou-se muito difícil a navegação de canoas muito pesadas. Começaram então a utilizar o porto junto ao Ribeira, que servia também ao arraial Paranapanema, Faxina e outros do planalto no intercâmbio comercial com o porto de Iguape. Além disso, outra razão teria sido o fato de que as terras junto ao rio Ribeira eram ótimas para o cultivo de arroz, ao mesmo tempo em que a produção da lavra de ouro diminuía, fato que contribuiu para que os habitantes do arraial abandonassem aquele local e mudassem para a margem do Ribeira. Isto a partir de 1770.
Em 1802, no mesmo ano que faleceu Thomas Dias Baptista, que foi grande senhor de escravo e o maior explorador de ouro de Iporanga e Apiaí, chegou na povoação local, após ter-se ordenado, o padre Bernardo de Moura Prado que iniciou um movimento pela mudança oficial da sede do arraial para o porto no Ribeira, uma vez que a maioria da população já estava ali. Mediante ao pedido de compra da área naquele local pela comunidade e o padre, que Ecolástica Maria Carneiro, doou uma grande área de terra junto ao Ribeira, onde assim, com autorização do bispo da capitania, Dom Mateus de Abreu Pereira, que permitiu mudar a capela de Santana, para aquele local. O mestre de taipas Francisco Alves construiu a capela de paredes de taipas a
Freguesia de Santana de Iporanga
O decreto de 09 de dezembro de 1830 elevou a povoação de Iporanga a freguesia, sendo desmembrada do município de Apiaí para Xiririca, pela lei nº8, de 04 de março de 1843, ficando conhecida pelo nome de freguesia de Santana de Iporanga.
Vila de Iporanga
A lei nº 39 de 03 de abril de 1873, elevou a freguesia a categoria de vila cuja instalação realizou-se a 12 de janeiro de 1874. Em maio de 1934, retrogradou,voltando a ser simples distrito da paz pelo decreto nº 6.448 de 21 de maio de 1934, incorporando-se ao seu antigo município de Apiaí. Em 1936, novamente voltou a condição de município pela lei nº 2.780 de 23 de dezembro de 1936, graças ao Sr. Pedro Caetano dos Santos, perante o deputado Diógenes Ribeiro de Lima, já falecidos; ficou pertencendo a comarca de Apiaí, sendo reinstalado a 25 de abril de1937.
Lembrança do A C XV de Novembro - Iporanga 1933
O município de Iporanga constava de dois distritos a partir de 1938: o da sede , e o da Barra do Turvo, que lhe foi incorporado pelo decreto nº 9775 de 30 de novembro de 1938. Perdeu o referido distrito da Barra do Turvo, em virtude deste ser elevado a categoria de município, pela lei nº 8.092 de 28 de fevereiro de 1964, portanto, desmembrando-se de Iporanga.
Desde 1938, pelo decreto da lei nº 311, de 2 de março desse ano as sedes de municípios passaram a ter categorias de cidades (artigo 4º).Em
A Ferrovia desativou a Navegação Fluvial
A construção da Ferrovia Sorocabana mudou a maior parte do comércio para o Porto de Santos, enfraquecendo o Porto de Iguape, o Vale do Ribeira e também o Porto de Iporanga, que era a principal ligação de navegação fluvial do planalto com Iguape, que foi o maior porto marítimo da Brasil. Por isso Iporanga, teve seu desenvolvimento interrompído, até começar nos últimos anos, a despertar o interesse do turismo ecológico e histórico.
Iporanga hoje.
Nas linhas abaixo mostramos a letra da bela música, composição em homenagem a Iporanga, letra e música do Dito do Henriquinho, fruto de um momento de grande inspiração, mostrando-nos com sua poesia, qual o tamanho do seu amor pelo paraiso que herdou de nossos antepassados. FILHO DE IPORANGA
Autor: Benedito Dias Rodrigues(Dito Pança)
Uma inspiração correta prá escrever esta canção
Punha prá fora o que está preso aqui dentro
Peguei naquele momento uma caneta em minhas mãos
Vejam bem a Igreja em que me batizei
Onde à primeira vez abri meus olhos e sorri
Onde calcei meu primeiro sapatinho
Tomei banho no riozinho e da chupeta me esqueci ''
Estou falando de Iporanga meus amigos
Quero que cantem comigo e sintam a mesma emoção
Nós enxugamos o rosto em uma só toalha
O preço dessa medalha que divide os corações
Ah! Quem dessa água tomar e lavar as mãos
Pisar na areia do chão, sentar num banco do jardim
Volta depressa repousar neste tesouro
Pisar em cima do ouro e nas tristezas dar um fim
Quem não conhece o murmurar das cachoeiras
Este lindo rio Ribeira, traz de longe a emoção
A chuva mansa cobre os montes com um véu
Até parece que meu céu é este pedacinho de chão.
Mata verde hoje é beleza rara...
Com o cantar das cigarras afinei meu violão
Venham comigo cantar com os passarinhos
Aqui não tem maus vizinhos, aqui não tem poluição
Ah! Quero que voltem brevemente os meus amigos
Abraçar seus pais queridos, e beijar as suas mãos
Venham rever a Festa da Padroeira, ver as morenas faceiras
E a Bandinha do Leilão
Venham depressa pois a nossa vida é curta
Vamos passear nas grutas: a mais bela construção.
Muito obrigado Jesus por este presente
Que faz a água corrente minar debaixo do chão.
Não há dinheiro que me pague esta herança
Tenho-a como lembrança e a preciso cultivar
Eu sou apenas um posseiro de Jesus
Quando entregar a minha cruz, fica outro em meu lugar
Estou falando de Iporanga meus amigos
Quero que cantem comigo e sintam a mesma emoção
Nós enxugamos o rosto em uma só toalha
O preço dessa medalha que divide os corações
Iporanga,12 de janeiro de 1993
Autor: Benedito Dias Rodrigues(Dito Pança)
Dupla iporanguense: os irmãos Agostinho e Gervásio, na infância.
Ah! Se Deus me desse o poder de ser poetaUma inspiração correta prá escrever esta canção
Punha prá fora o que está preso aqui dentro
Peguei naquele momento uma caneta em minhas mãos
Vejam bem a Igreja em que me batizei
Onde à primeira vez abri meus olhos e sorri
Onde calcei meu primeiro sapatinho
Tomei banho no riozinho e da chupeta me esqueci ''
Estou falando de Iporanga meus amigos
Quero que cantem comigo e sintam a mesma emoção
Nós enxugamos o rosto em uma só toalha
O preço dessa medalha que divide os corações
Ah! Quem dessa água tomar e lavar as mãos
Pisar na areia do chão, sentar num banco do jardim
Volta depressa repousar neste tesouro
Pisar em cima do ouro e nas tristezas dar um fim
Quem não conhece o murmurar das cachoeiras
Este lindo rio Ribeira, traz de longe a emoção
A chuva mansa cobre os montes com um véu
Até parece que meu céu é este pedacinho de chão.
Mata verde hoje é beleza rara...
Com o cantar das cigarras afinei meu violão
Venham comigo cantar com os passarinhos
Aqui não tem maus vizinhos, aqui não tem poluição
Ah! Quero que voltem brevemente os meus amigos
Abraçar seus pais queridos, e beijar as suas mãos
Venham rever a Festa da Padroeira, ver as morenas faceiras
E a Bandinha do Leilão
Venham depressa pois a nossa vida é curta
Vamos passear nas grutas: a mais bela construção.
Muito obrigado Jesus por este presente
Que faz a água corrente minar debaixo do chão.
Não há dinheiro que me pague esta herança
Tenho-a como lembrança e a preciso cultivar
Eu sou apenas um posseiro de Jesus
Quando entregar a minha cruz, fica outro em meu lugar
Estou falando de Iporanga meus amigos
Quero que cantem comigo e sintam a mesma emoção
Nós enxugamos o rosto em uma só toalha
O preço dessa medalha que divide os corações
Iporanga,12 de janeiro de 1993
Personalidades
Padre Dr. José Martins Tinoco
Entalhe de Martins Tinoco.
Formado em Coimbra, sabe-se que ele foi sepultado sob o altar-mor da capela do arraial, José Martins Tinoco, que faleceu ali, não sabendo-se a data, foi pároco de Xiririca, onde permaneceu por 10 anos 1763-1773, depois foi para Iporanga e ali permaneceu até o fim de seus dias.O Senhor José Feio(José Rodrigues Queiroz), que morreu no anos 60, com quase 100 anos, conhecia muito da história local, costumava dizer que junto com o padre foram enterrados o cálice de ouro e outra riquezas.
Eu vi na Internet umas referências a José Martins Tinoco, data de
* O Reverendo Doutor Jozé Martins Tinoco, oriundo de Portugal. Formado pela Universidade de Coimbra, segundo se cré, mas sem constar em que Faculdade, foi o que creou esta Freguezia de baixo dos auspicios do Exelleniissimo e Reverendíssimo Prelado o Senhor D. Fr. António da Madre de Deus. como se ve das copiasfieis deste Livro. fl. 6. Este Reverendo Parodio poz logo as suas vistas em requerer ao mesmo Exellmo. Prelado htm Regra certa e original sobre os usos e costumes, que Se obrigaria nesta Igreja, pelo que toca ao Pé d'altar. e proventos da Estola Parochial. representando que esta Igreja se achava fundada em arrayáes de Minas, onde tudo se compra e vende a preço d'oiro. não devendo por conseguinte excluir-se d'esta Lei os emolumentos Parochiaes ao exemplo das Igrejas de Minas; e como os Reverendos Parochos das Freguezias visinhas, Apiahy e Paranapanema. fundadas em arrayáes de Minas, percebessem o preço do oiro, e o referido Vigário desta propuzesse isto mesmo ao mesmo Exellmo. Prelado, mandou este observar n'esta Igreja de Xiririca os Usos e Costumes da de Paranapanema, que com ejfeito se observão. exeptuando aquelles que o tempo tem variado, como em Seu lugar deixamos ditto. Não tem faltado quem vazasse escurecer a memoria, e Virtudes de hum tão exacto e desinteressado Parodio, arguindo-o de dolo e prevenção na representação, que fez ao Exellmo. mencionado Prelado, e dizendo temerariamente, que havendo recebido Ordem expressa para se comformar com a Igreja mais visinha, que era a de Iguape, adoptou a de Paranapanema por cauza da riqueza do Oiro, o que Sem trabalho se refuta recorrendo as copias Fieis da Creaçáo desta Igreja.
Das Memorias desta mesma Igreja se mostra, que o Seu Paroâiato durou 10 annos contados da data da Creação até a posse do seu Successor a 10 de Janeiro de 1773. havendo em todo este decurso trabalhado na regularidade dos seus Freguezes com Santos exemplos e Sá doutrina, deque mereceu os justos Louvores de dois Reverendíssimos Visitadores, e dos Seus mesmos Parochianos: e Sendo deixou mais outro monumento do temporal desta Igreja incipiente, a pouquidade dos habitantes, a Limitação das Suas faculdades, e depois a Soliddo continua desta Freguezia n'aauelles primeiros tempos o prímavão de mais esta gloria. Havendo-se enfim conduzido para oarrayal de Yporanga, alli acabou Sua carreira, e faz Sepultado na Capella velha do mesmo arrayal.
Das Memorias desta mesma Igreja se mostra, que o Seu Paroâiato durou 10 annos contados da data da Creação até a posse do seu Successor a 10 de Janeiro de 1773. havendo em todo este decurso trabalhado na regularidade dos seus Freguezes com Santos exemplos e Sá doutrina, deque mereceu os justos Louvores de dois Reverendíssimos Visitadores, e dos Seus mesmos Parochianos: e Sendo deixou mais outro monumento do temporal desta Igreja incipiente, a pouquidade dos habitantes, a Limitação das Suas faculdades, e depois a Soliddo continua desta Freguezia n'aauelles primeiros tempos o prímavão de mais esta gloria. Havendo-se enfim conduzido para oarrayal de Yporanga, alli acabou Sua carreira, e faz Sepultado na Capella velha do mesmo arrayal.
Tinoco, José Martins
( fl c. 1741–55). (Fl. c. 1741-1755). Portuguese wood-carver. Português madeira escultor. In 1741 he was contracted to carve the pulpit and main altarpiece of the church of the convent of S Domingos in Aveiro (destr.). Em 1741 ele foi contratado para esculpir o altar-mor e púlpito principal da igreja do Convento de S Domingos em Aveiro (destr.). In 1746 he was contracted to make two side and two lateral altarpieces for the nave of the church of Avanca, Estarreja, giving Miguel Francisco da Silva as a reference. Em 1746 ele foi contratado para fazer dois laterais e dois retábulos laterais da nave da igreja de Avanca, Estarreja, dando Miguel Francisco da Silva como uma referência. Between 1747 and 1748 he made carvings for the sacristy of the church of S Nicolau, Oporto. Entre 1747 e 1748 ele fez esculturas para a sacristia da igreja de S Nicolau, Porto. In 1748 he carried out the decoration of the Casa do Despacho, including the boardroom of the Third Order of S Francisco, Oporto, probably to the designs of Nicolau Nasoni. Em 1748 ele realizou a decoração da Casa do Despacho, incluindo a sala da diretoria da Ordem Terceira de S Francisco, Porto, provavelmente para os projetos de Nicolau Nasoni. In 1755 he collaborated with José da Fonseca Lima on carving two altarpieces for the transept of the Benedictine monastery of S Bento da Vitória, Oporto. Em 1755, ele colaborou com José da Fonseca Lima em esculpir dois retábulos do transepto do mosteiro beneditino de S. Bento da Vitória, Porto. In a separate contract of 1755 Tinoco carried out the work on one of the altarpieces, that of the Exile, one of the finest examples of carving in the late Joanine style in Oporto. Em um contrato separado de 1755 Tinoco realizou o trabalho de um dos retábulos, a do exílio, um dos melhores exemplos de escultura em estilo joanino tarde no Porto.
Padre Bernardo de Moura Prado
O padre Bernardo, ordenou-se em 1802 e começou a trabalhar em Iporanga,imagina-se que tenha falecido com mais de oitenta anos; suas últimas assinaturas nos livros estão bastante trêmulas e deslocadas da posição dos escritos, demonstrava falta de vista e pouca firmeza nas mãos característica da idade avançada. Sabe-se também que, em baixo do altar-mor da igreja de Iporanga, está sepultado o padre, o falecimento pode ter acontecido antes de 1870, porquanto, no ofício da câmara Municipal de Iguape, 21 de junho de 1870, foi mencionado seu nome como falecido, e que a mina e sua casa já se encontravam em abandono a vários anos,(Se assim for conclui-se que a mina, que ficava próxima ao bairro Camargo, foi pouco explorada por ele) segundo meu avô Honório Corrêa, havia próximo do bairro Ribeirão um lugar com nome de Sobrado, que pertenceu ao padre, em 1902, ainda viu ruínas do sobrado, que deu nome ao local.
Padre Antonio da Silva Pereira
O padre Antonio da Silva Pereira, era irmão de Pedro da Silva Pereira, político local e tataravo do atual prefeito, o Gulu (Ariovaldo da Silva Pereira), todos nascidos em Iporanga. O sacerdote foi pároco de Iporanga, faleceu no Rio de Janeiro vítima de febre amarela após 1868.
Salvador Henriques, meu tataravo, faleceu em 5 de abril de 1864,(de febre amarela), e seu óbtido ainda foi escrito pelo padre Antonio Pereira da Silva, no livro de óbito dos anos de 1834-1899, conforme o assentamento, mostrado abaixo:
"Nº 22 aos cinco de Abril de mil oitocentos sessenta e quatro, nesta freguesia de Yporanga, faleceu sem confição Salvador Henrique idade de sessenta anos, mais ou menos, casado com Maria Luiza, sua molestia foi febre seu corpo foi sepultado no Adro da Matriz por não ter lugar no cemiterio do que, faço este assento. O vigario Antonio da Silva Pereira".
Meu avô, Honório Corrêa, contava que, quando era criança e estava na escola, ainda conheceu o irmão do padre, era no ano de !902, Pedro Silva, que era muito idoso e conservava uma barba comprida e bem cuidada, foi legislador e primeiro Presidente da Câmara de Iporanga, isso quando a cidade, foi emancipada em 3 de abril de 1873. Além de ser um velho político, também muito religioso, estava sempre ajoelhado orando com seu rosário, na Igreja velha de São Benedito, que era no largo do Rosário, enfrente ao local, onde hoje está a pousada Iporanga.
Padre Antonio da Graça Cristina
Padre português, veio para Iporanga provavelmente no ano de 1900, trouxe muitas inovações para a paróquia, implantou o padrão para o toque dos sinos que permanece até hoje e construiu o beiral do telhado frontal da matriz, dando um aspecto de melhor acabamento arquitetônico, utilizando o serviço de um construtor que estava na cidade para construir a nova cadeia. O batismo do monsenhor Oscar e matrimônio de meu Avô Honório Corrêa com minha avó Eugênia foi realizado pelo Padre Cristina, Sacerdote que ele disse ter conhecido bem, e que era de personalidade firme, usava um chapéu na cabeça e fumava um cigarro de palha na sacristia. No dia do tal casamento, no início da celebração chegou na igreja um miliciano e disse que o casamento não poderia ser realizado, por conta de uma nova lei que dizia que o enlace religioso só poderia acontecer após ser realizado o do civil no cartório. O padre fechou o rosto, colocou o chapéu na cabeça e disse: - Deixem comigo, que eu vou lá falar com o delegado e resolver isso... Já!. Foi, voltou e realizou o casamento dizendo que os noivos se comprometeriam de em um outro dia atender a obrigação de casar no cartório civil, no entanto só veio a fazê-lo com quase noventa anos de idade por questões de regularização de propriedades e benefícios da previdência. Um político de uma das duas famílias que dominavam a política local, (Santos X Descios), me disse que era intriga da política, algumas fofocas sobre o padre. Meu avô contava que um dia este padre fez um sermão em uma celebração de finados no cemitério local e todas as pessoas que estavam presente choraram.
O sistema aperfeiçoado de toques de sinos, Iporanga deve ao padre Antônio da Graça Cristina, de origem portuguesa, que, vindo de Portugal, a sua primeira paróquia foi Iporanga, paroquiou Iporanga por duas vezes, sendo a primeira em 1912 e a segunda em 1921.
O PADRE CRISTINA NA HISTÓRIA DOS SINOS DA MATRIZ DE IPORANGA
A matriz de Iporanga, tem só uma torre que foi construída do lado esquerdo, com quatro janelas destinadas á colocação dos sinos, das quais apenas três estão sendo utilizadas com os sinos assim distribuídos: na frente, o Sino Grande, feito de bronze e ouro (50 kg), ornamentado com a coroa do Império. Os sinos foram doados por D. Pedro II com dois quilos de ouro doado em contra partida pelo poderoso comerciante Senhor Joaquim da Mota, na data de 25 de maio de 1885, conforme se observa nos dados gravados na tábua de contra-peso colocada sobre o referido sino, com as inciais J.M.
O ''Sino Choco'', ao lado esquerdo e o ''Fino'', ou ''Pequeno'', na janela do fundo, fazendo frente ao sino grande. Tanto o sino ''choco'' como o ''Fino'' ou possuem a tabua de contra-peso, como o sino grande.
Quando tangidos conjuntamente a melodia produzida pelos sons destes três sinos é muito agradável! Além disso, somente os tocadores de sino de Iporanga executam ritmos diferentes entre si, que, os habitantes da cidade, somente ouvindo-os, já sabem que a função vai realizar, ou está se realizando na matriz. Exemplo: para as missas solenes, três sinais, dando a introdução o repique do sino grande, faz uma interrupção e, então, entram os três em harmonia. Quando já está suficiente o tempo do repique, param de tocar os dois choco e fino e fica só o grande terminando a música, conforme a iniciou. De quando em quando, os dois trazem uma interferência rápida, e param, e assim, seguem até terminar o repique. Faz um intervalo, também pequeno, e o grande da uma badalada só, todos já sabem que é o primeiro sinal da missa,então repete o mesmo repique (porque cada sinal compõe-se de dois repiques, um seguido ao outro). No segundo sinal, no intervalo, dá-se duas badaladas e no terceiro, três.
O sistema de repique, para os três sinais é o mesmo. Ao se aproximar a hora da missa dá-se a entrada, que são três baladas com espaço de meio minuto mais, ou menos entre elas, e todos já sabem que ''deu a entrada da missa''.
Os repiques dos dias de festas são precedidos de um toque conhecido pelo nome de ''matinas'', que tocam-se do seguinte modo: Dá uma badalada no sino fino, faz uma interrupção de uns dez segundos aproximadamente, mais uma badalada nas mesmas condições e, em seguida mais umas seis badaladas seguidas ligeiramente, no fim das quais, o choco o grande faz o remate em conjunto com o fino. Isto repete-se duas vezes e já segue o repique dos três, como nos sinais para missa, só, que no primeiro repique não tem a introdução do sino grande, porém, na repetição, já entra o grande como acima exposto.
Para funerais o ritmo já é bem diferente, é mesmo muito sentimental, se o morto é um homem, o dobre para finados, começa pelo sino grande. Todos já sabem que o enterro é de um homem, se é mulher,começa pelo sino fino, também todos já sabem que é um enterro de uma mulher. O modo de dobrar os sinos é uma espécie de ''choro''. Dá uma badalada num sino só, e interrompe uns segundos: Dá outra, nas mesmas condições. Nessas badaladas faz-se um tremulo no dobre como um pranto, segue depois umas tantas badaladas seguidas e termina com outras duas como iniciou. Para de dobrar o primeiro sino, seja o grande, ou o fino, conforme o caso, entra o choco, nas mesmas condições, como fez o primeiro, em terceiro lugar, segue-se, o fino, se foi o grande que iniciou o dobre, ou o grande, se foi o fino que iniciou. Repete-se o dobre até o enterro chegar no ''Alto do cemitério Velho'' (hoje na UBS ao lado da farmácia) que da torre pode-se avistar muito bem. Ai, então, termina o dobre para aquele enterro.
Para crianças ou anjinhos como se costumava dizer: é repicado o sino fino com o choco assim:- o fino dá uma badalada, o choco responde, e o fino dá mais duas, o choco responde, e nesse ritmo segue até chegar o enterro no Alto do Cemitério Velho.
O sino grande não faz parte desse repique. Para o viático aos enfermos é o seguinte:- O fino dá três badaladas por três vezes seguidas, e vai repetindo umas três vezes mais, ou menos e param, ai entra o grande sozinho, dá três badaladas espaçosamente e para: quando, então, recomeçam, o fino e o choco, como anteriormente. Isto se repete até chegar o Santíssimo na casa do doente
Para os batizados o repique é iniciado pelo fino, que dá duas badaladas e o choco responde, isto por três vezes e na última vez o choco dá mais duas badaladas. Repete assim umas três vezes mais, ou menos e param, para dar lugar ao grande que entra com o repique como no primeiro sinal (introdução) para missas. Parando o grande, entram o fino e o choco,novamente, fazendo essa alternativa até terminar o batizado.
Para missa de semana, ou seja, dia de semana, se toca o sino grande da maneira seguinte: Dá uma badalada com uma rápida parada e duas seguidas, mais rápidas ainda, repetindo-se algumas vezes esse ritmo e termina repicando como na introdução dos sinais de missas de domingo, mas só o sino grande.
Assim como para a entrada da missa, dá só três badaladas, para Via Sacra, catecismo e reunião de irmandade, ao contrário são mais, dá-se umas 15,18 ou mais badaladas no sino grande espaçadas uma da outra uns cinco segundos.
O repique próprio para as tradicionais festas do Divino é o seguinte: O sino fino dá duas badaladas seguidas e uma terceira (obedecendo o mesmo tempo) o faz em conjunto com os dois - choco e grande - isto três vezes sendo que na terceira dão mais duas badaladas os três, como na terceira. Repete tantas vezes quanto forem necessárias. Este repique é tocado nos trajetos da festa do Divino e Santíssima Trindade e é em compasso de valsa (3/4) por isso que combina com o ritmo do hino do Espirito-Santo, que a banda musical executa durante o trajeto.
Quando ainda estava em uso, bandeiras esmolarem nos sítios seguidas das ''folias'' (cantadas), quando estas chegavam de regresso, primeiramente entravam na igreja, e eram recebidas com esse tudo debaixo de cantoria. Hoje caiu de uso esse costume. Temos ainda o dobre para missas de finados que inicia como para enterro (o grande se for para missa de alma de homem, e o fino se for para mulher) dobra alguns minutos e termina com o repique (só o grande) como nas missas de dia de semana. Esses dobres e repiques para dias de finados não se repete. Terminando o sinal já dá as três badaladas de entrada da missa.
O padre Cristina, não só aperfeiçoou as práticas religiosas, mas também, muito concorreu para a civilização desse povo, com seus ensinamentos dentro e fora do âmbito da Igreja, como por exemplo: Um passeio no campo (piquenique): uma brincadeira em reunião familiar (jogo de prendas) e muitos outros. Até o futebol, foi o Padre Cristina, quem introduziu em Iporanga, razão pela qual o povo Iporanguense, ficou devendo muito ao Padre.
Monsenhor Oscar Santos junior
Depois do Padre Antonio Pereira da Silva, passaram-se muitos anos até que tivéssemos um outro padre iporanguense, só em 1945, quando ordenou-se padre o Sr. Oscar, conhecido também como padre "Casico”, ele é natural de Iporanga, filho do Sr. Laureano dos Santos e de Dª Maria Aparecida dos Santos; tendo oficiado a sua primeira missa em sua terra natal, no dia 1º de Janeiro de 1946. Em 1952 passou a paróquia de Ribeira ao Padre Arnaldo Costa Caiaffa.
Atualmente o monsenhor está aposentado e reside em Apiaí. Estive outro dia em sua residência para uma visita, e lembrei-me do tempo em que fui coroinha, (agora sou coroão) quando fazíamos orações em Latin, entre outras coisas soube, que ele escreve uma coluna em um jornal regional, além disso, também continua celebrando missa dominical, pois apesar dos seus 95 anos de idade tem ótima saúde, se movimenta com agilidade, ouve bem, tem boa vista e principalmente muita lucidez . Este padre, é uma ótima pessoa, que além de ter grande inteligência, acumulou muita experiência, conhecimento, cultura e teve uma carreira brilhante no clero. Lamentavelmente ainda não temos na cidade, para ele nenhuma homenagem importante, ou uma rua com o nome desse filho muito ilustre de Iporanga. Não é...Srs. vereadores?
Padre Arnaldo Costa Caiaffa
Revirando os papéis antigos do meu avô Honório Corrêa a procura de umas escrituras de aberturas de posses de Salvador Henriques, no Camargo, lavradas pelo padre Bernardo de Moura Prado em 1831, na freguesia de Iporanga, acabei esbarrando em duas folhas soltas que eram cópia do livro Tombo escrito em 1952, volume substituto, porque estava perdido naquela época o livro original. Embora estas folhas estivessem um pouco ruins, e de cor amarelada pela exposição ao tempo em ambiente pouco protegido contra umidade, ainda era possível ler, que ali estavam dois registros: a abertura do livro e a posse do sacerdote, lavrada por ele mesmo, imaginem quem era nada mais, nada menos do que o saudoso padre Caiaffa, que dirigiu a paróquia vários anos, foi um personagem que marcou muito a vida religiosa de Iporanga, em razão do enorme carísma e da aura celestial, que envolvia aquele sacerdote. Era possível ler naquelas folhas: além da relação das terras da Igreja no município, a Ata de Visita Pastoral, que era o primeiro registro do livro em 21 de abril, de 1952, reproduzida abaixo:
Sua S.S. Exma. Revmº Dom Edílio José Soares rubricou a Promissão de Vigário Ecônomo das Paróquias de Ribeira e Iporanga, a favor do Revmº Pe Arnaldo Costa Caiaffa Regist. Prot. N. 406 Livro VI fls. 158 - Curia de Santos - 1952.
Inspirado por esse acaso comecei a escrever sobre a passagem brilhante que teve em nossa história o pároco, de quem fui o coroinha, em uma ocasião quando ele veio pessear nesta vila no final de sua vida, quando já estava aposentado e vivia em Cananéia. Além disso em minha primeira infância (nem sei se existe este gráu de infância, para que se possa assim definir) eu ficava muito impressionado em ver passar um Jeep em nossa cidade, pois nela não havia nenhum carro, e dentro dele, um senhor de grande estatura, com batina e chapéu aba reta, tanto a roupa como a cobertura na cor preta( as vezes vestia batina bege) e dirigindo com habilidade. Ele não era uma pessoa comum, quem o conheceu pode testemunhar, uma prova disto é a matéria que li em jornal sobre o monsenhor João das Dores Leite, irmão do nosso velho conhecido o padre Pedro dos Prazeres Leite que cunduziu esta paróquia de Iporanga por um bom tempo, veja o texto original abaixo:
Em 1936, o bispo Dom Paulo de Tarso Campos fez a primeira visita pastoral à diocese. João Leite era o principal coroinha de sua igreja e o padre Casseze o levou para ajudar na missa, em Pedro de Toledo. Lá, ele conheceu o padre Arnaldo Costa Caiaffa, “que além de apresentar habilidades para fazer mágicas, se mostrava um sacerdote exemplar”. E foi observando-o que despertou em si a vontade de ser padre. Aos 13 anos, foi para o seminário em Pirapora do Bom Jesus, no interior de São Paulo
Este relato foi em dezembro de 2008, quando o mesmo João Leite, agora monsenhor, comemorou 60 anos de sacerdócio, neste mesmo ano o seu irmão, o padre Pedro Leite esteve em Iporanga realizando uma das missas do tríduo preparatório da festa de N.S. do Livramento.
Para levar adiante meu propósito de colocar no papel a história do reverendo é natural que seria também importante conseguir uma foto para ilustrar o texto, por isso recorri ao meu amigo Crismâncio que tinha uma foto do religioso em sua casa, fui até lá e falei sobre minha intenção de homenagear o padre Caiaffa e Indaguei sobre o retrato, mas para meu desapontamento, ele balançou a cabeça numa expressão mais de lamento do que de negação e disse:- Infelizmente não tenho mais, pois uma infiltração deixou correr do teto um filete de água que fez encharcar o papel fotográfico por trás junto a parede, apagando de forma irrecuperável a imagem. Depois eu acabei conseguindo as fotos mostradas aqui com o Luiz Bugre em Apiaí. Aproveitei a conversa para relembrar alguns acontecimentos interessantes e o modo de ser do padre, que presenciamos ou ouvimos contar, quando ele esteve em nossa cidade. Era um astro arrastava em torno de si as pessoas, crianças, curiosos, apóstolos e alguns desamparados sob a aba da generosidade daquele bom homem. As crianças ficavam encantadas em ouví-lo, em ver os truques de mágica que exibia, entre outros as vezes apanhava meia duzia de sementes de feijão e simulava engolir e fazer voltar uma a uma, numa mão ou na outra na orelha de um de outro no cabelo, e como todo bom mágico manteve o segredo dos truques e até hoje não sabemos como eram feitos. Tinha muito carisma todos gostavam de estar perto dele de ouví-lo, de seguí-lo, para onde ia carregava um grande número de seguidores.
A façanha da expedição na procura de urânio, foi registrada no bairo Pilões na casa do Sr. Henrique Dias, na foto ao lado: nela estão da esquerda para a direita o Sr. Dito Valente católico fervoroso, o menino com o dedo na bouca é o Dito Pança, ao seu lado o pai Henriquinho, com o filho pequeno que é o Nego Cabeça Brancaque foi prefeito da cidade, o Luiz Bugre, o Caiaffa, o famoso tropeiro e grandalhão Antonio Moreira marido de Nha Jusefa, o Engenheiro Wolf e o Nico o Galã do Jaçanã.
O Crismâncio, falando ainda sobre a foto da sala de sua casa, contou que nela o padre tinha os olhos bem abertos, mas depois da notícia de sua morte em Cananéia notaram que os olhos do padre, agora pareciam fechados.
As vezes no sermão o padre aconselhava aos fiéis para não pedir-lhe carona, para não acelerar mais a fadiga do veículo, principalmente em razão da precariedade das estradas e porque pela moleza do seu coração jamais se negaria de levar qualquer um, fosse cristão ou pagão.O jipinho marca Willys do pós gerra ia para todos os lados: Barra do Turvo, Apiaí, São Paulo, Santos, etc. Sempre carregado de caronas.
O padre Caiaffa teve muita importância na história da Barra do Turvo, quando a rodovia para aquela localidade começou a ser aberta com pá e picareta com ajuda de burros puxando carroças de terra, até a chegada do trator D4 amarelo, do Italiano Ferrantos, a estrada chegava, em 1954, até o lugar de nome Jacaré, (local a na época a três quilometros da Barra hoje dois depois da mudança do traçado da estrada) ainda longe da Barra, dali o padre com seu jipe, acompanhado de quatro homens com pás e picaretas e muita coragem, atravessando o jipe por dentro do rio Turvo, foi quem levou o primeiro veículo, o dele, para dentro da praça da Barra do Turvo.
Meu tio Jeremias Corrêa, em seu livro- IPORANGA QUE EU VI -lembra o sacerdote, como: " O querido e bondoso Cônego Arnaldo da Costa Caiaffa" na publicação, ele conta que lembra-se bem ainda hoje das músicas que o padre pedia no serviço de alto-falante, que eram: a valsa Aurora, Saudades de Petrópolis e Saudades Meu Bem Saudades, com Eli Camargo, música do Zé do Norte, que marcou época. De outro trecho do texto transcrevi o relato abaixo:
"Em 4 de janeiro de 1954, com um calor de quase 40 gráus, eu, o padre Caiaffa e também o Gico (Edgar Antunes Cirino), dois dias depois das festas, mais ou menos 3 horas da tarde, fomos bateiar no ribeirão Iporanga. Atravessamos a passagem com uma bateia debaixo dos braços e fomos lá para a ilha onde hoje tem um campo de futebol lidar com cascalho. Ali o padre achou e nos apresentou amostras pequenas de diamantes, eram minúsculas pedrinhas muito duras. Naquela tarde presenciamos ali a passagem do Sr. Ventura que vinha do seu sítio no morro do Baú. Ele morava ali próximo do rio e do porto do Paulino Rocha, de Nhá Júlia Fernandes( O Paulino, irmão do Delfino que era avô do Jovelino foi embora de Iporanga depois da morte da mâe). Nhô Ventura sofria a muito tempo com uma ferida na perna e por isso tinha que atravessar o rio pulando com um pau, para não molhar a ferida. Naquele ano ainda não havia, nem a ponte pencil, que foi construida depois pelo prefeito Celso Descio. Nós voltamos da passagem do ribeirão quase 6 horas da tarde, daquele dia. Ao passar na bifurcação da estrada que vai para o bairro Caboclos onde havia uma casinha de sapé, o padre Caiaffa parou e sentou-se um pouco para descansar à sombra de uma árvore, e ficou admirado ao ver uma menina moça que abanava o seu arroz ao vento, depois de tê-lo socado no pilão, ao mesmo tempo que ela cantava a estrófe do Hino à Bandeira:
...Em teu seio formoso retratas
Êste céu de puríssimo azul
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul...
Depois de ouvir aquele hino, tão belo e bem cantado, o padre exclamou:- Aquela menina é cívica e canta muito bem! Assim ouvimos até a última estrófe e seguimos andando, até que avistamos a torre branca da matriz Santana, que já tocava os sinos, chamando os fiéis para o Santo Terço à noite".Outro dia encontrei meu amigo Valfredo ex-prefeito e conversando sobre o Cassiano falou que quando era jovem e vendedor viajante foi muito amigo do Caiaffa, contou a história da localidade denominada Água do Padre na estrada que liga com a Barra. Conforme contou o Valfredo, aconteceu de um dia o padre estar vindo para Iporanga nesta estradinha e ao chegar naquela água que cruza a estrada havia um jipe parado por falta de gasolina. Os viajantes pediram ao pároco um pouco de combustível, mas ele não ´pode atendê-los pois no tanque havia somente o mínimo necessário para chegar em Iporanga. Diante da situação o padre falou peguem um pouco da água do córrego e coloquem no tanque. Os viajantes não sabiam se ele falava sério ou nâo e resolveram apanhar três litros de água e colocar no tanque. Aconteceu que o jipe funcionou e conseguiu chegar até quase perto do porto da balsa de travessia para Iporanga, presume-se que talvez a água tenha subido o nível do combustível e o pescador do tanque pudesse alcançar combustível, mas a verdade é que deste dia em diante o local passou a chamar-se Água do Padre.
O padre Caiaffa teve muita importância na história da Barra do Turvo, quando a rodovia para aquela localidade começou a ser aberta com pá e picareta com ajuda de burros puxando carroças de terra, até a chegada do trator D4 amarelo, do Italiano Ferrantos, a estrada chegava, em 1954, até o lugar de nome Jacaré, (local a na época a três quilometros da Barra hoje dois depois da mudança do traçado da estrada) ainda longe da Barra, dali o padre com seu jipe, acompanhado de quatro homens com pás e picaretas e muita coragem, atravessando o jipe por dentro do rio Turvo, foi quem levou o primeiro veículo, o dele, para dentro da praça da Barra do Turvo.
Meu tio Jeremias Corrêa, em seu livro- IPORANGA QUE EU VI -lembra o sacerdote, como: " O querido e bondoso Cônego Arnaldo da Costa Caiaffa" na publicação, ele conta que lembra-se bem ainda hoje das músicas que o padre pedia no serviço de alto-falante, que eram: a valsa Aurora, Saudades de Petrópolis e Saudades Meu Bem Saudades, com Eli Camargo, música do Zé do Norte, que marcou época. De outro trecho do texto transcrevi o relato abaixo:
"Em 4 de janeiro de 1954, com um calor de quase 40 gráus, eu, o padre Caiaffa e também o Gico (Edgar Antunes Cirino), dois dias depois das festas, mais ou menos 3 horas da tarde, fomos bateiar no ribeirão Iporanga. Atravessamos a passagem com uma bateia debaixo dos braços e fomos lá para a ilha onde hoje tem um campo de futebol lidar com cascalho. Ali o padre achou e nos apresentou amostras pequenas de diamantes, eram minúsculas pedrinhas muito duras. Naquela tarde presenciamos ali a passagem do Sr. Ventura que vinha do seu sítio no morro do Baú. Ele morava ali próximo do rio e do porto do Paulino Rocha, de Nhá Júlia Fernandes( O Paulino, irmão do Delfino que era avô do Jovelino foi embora de Iporanga depois da morte da mâe). Nhô Ventura sofria a muito tempo com uma ferida na perna e por isso tinha que atravessar o rio pulando com um pau, para não molhar a ferida. Naquele ano ainda não havia, nem a ponte pencil, que foi construida depois pelo prefeito Celso Descio. Nós voltamos da passagem do ribeirão quase 6 horas da tarde, daquele dia. Ao passar na bifurcação da estrada que vai para o bairro Caboclos onde havia uma casinha de sapé, o padre Caiaffa parou e sentou-se um pouco para descansar à sombra de uma árvore, e ficou admirado ao ver uma menina moça que abanava o seu arroz ao vento, depois de tê-lo socado no pilão, ao mesmo tempo que ela cantava a estrófe do Hino à Bandeira:
...Em teu seio formoso retratas
Êste céu de puríssimo azul
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul...
Depois de ouvir aquele hino, tão belo e bem cantado, o padre exclamou:- Aquela menina é cívica e canta muito bem! Assim ouvimos até a última estrófe e seguimos andando, até que avistamos a torre branca da matriz Santana, que já tocava os sinos, chamando os fiéis para o Santo Terço à noite".Outro dia encontrei meu amigo Valfredo ex-prefeito e conversando sobre o Cassiano falou que quando era jovem e vendedor viajante foi muito amigo do Caiaffa, contou a história da localidade denominada Água do Padre na estrada que liga com a Barra. Conforme contou o Valfredo, aconteceu de um dia o padre estar vindo para Iporanga nesta estradinha e ao chegar naquela água que cruza a estrada havia um jipe parado por falta de gasolina. Os viajantes pediram ao pároco um pouco de combustível, mas ele não ´pode atendê-los pois no tanque havia somente o mínimo necessário para chegar em Iporanga. Diante da situação o padre falou peguem um pouco da água do córrego e coloquem no tanque. Os viajantes não sabiam se ele falava sério ou nâo e resolveram apanhar três litros de água e colocar no tanque. Aconteceu que o jipe funcionou e conseguiu chegar até quase perto do porto da balsa de travessia para Iporanga, presume-se que talvez a água tenha subido o nível do combustível e o pescador do tanque pudesse alcançar combustível, mas a verdade é que deste dia em diante o local passou a chamar-se Água do Padre.
O Valfredo certo dia estava em Apiaí e soube que o padre estava na casa do Bugre, antigo sacristão do religioso, e resolveu então ir até lá, quando chegou ao local encontrou um paiol de pau a pique, onde se deparou com o velho representante de Deus enfermo deitado em uma caminha feita provavelmente pelo próprio morador do ranchinho, diante de tal situação o Valfredo foi até a casa do Zézinho Coutinho e junto com ele socorreram o pároco aposentado, depois disso ele não teve mais notícias do padre, sabia somente que ele estava em Cananéia. Passados uns três a quatro anos foi para Cananéia atender uns clientes do distribuidor, encontrou o comércio fechado, e foi informado que se tratava de luto para chorar a morte e homenagear uma figura muito querida por todos: O Cônego Arnaldo Costa Caiaffa, a cidade estava mergulhada numa tristeza profunda, a melancolia ficava fortemente expressa nos panos pretos estendidos nas janelas das casas. Passados vários anos o Valfredo chegou à prefeitura de Iporanga eleito que foi para ocupar ali o mais alto cargo executivo da administração do município, soube que havia então apenas um beco de rua junto ao ribeirão cujo nome homenageava ao padre, resolveu corrigir então dando o nome da mais novo logradouro público onde acabava de ser construído o majestoso edifício da prefeitura, o nome de Praça Arnaldo Costa Caiaffa, ele foi lembrado também em São Paulo, onde nasceu, ainda e em vida com a rua Arnaldo Costa Caiaffa no bairro de Santana zona norte da cidade e em outras cidades por onde passou pregando a palavra e anunciado a boa nova do Reino dos Céus no resgate de almas. A felicidade e o orgulho de qualquer Iporanguense mais antigo, é poder contar para os filhos e netos que caminhou lado a lado com um homem que trazia consigo o próprio Espirito Santo de Deus...
Quem foi o padre Caiaffa?
PADRE CAIAFFA - Carismático, brilhante e notável, por onde ele andou, sempre teve os passos seguidos por pessoas, era um verdadeiro ídolo. Cônego, Caiffa, nasceu em Santos, dia 27 de Junho de 1900, inicio do século passado. Seus pais eram : ELIAS CAIAFFA e MARIA DIAS PINTO ROSADO DA COSTA CAIAFFA, família de Italianos. Ordenado sacerdote por D. Paulo de Tarso Campos – 2º Bispo de Santos, em 21/12/1935. Em 1936, foi nomeado Paroco de Guarujá (Ilha de Santo Amaro), onde ficou até outubro de 1946. Foi iniciador da ação Social na região dos pescadores e abandonados da área rural.
A primeira ambulância do local foi o automóvel do Pároco, que era conduzido pelo próprio padre, quando levava doentes á Santa Casa de Misericórdia de Santos. Seu paroquiato foi marcado pela ''opção preferencial pelos pobres'', no Guarujá, região dos mais ricos e capitalistas de São Paulo. Lugar de turismo e de bons recursos, possibilitou o início da construção da matriz, inteiramente de pedra.Quem foi o padre Caiaffa?
PADRE CAIAFFA - Carismático, brilhante e notável, por onde ele andou, sempre teve os passos seguidos por pessoas, era um verdadeiro ídolo. Cônego, Caiffa, nasceu em Santos, dia 27 de Junho de 1900, inicio do século passado. Seus pais eram : ELIAS CAIAFFA e MARIA DIAS PINTO ROSADO DA COSTA CAIAFFA, família de Italianos. Ordenado sacerdote por D. Paulo de Tarso Campos – 2º Bispo de Santos, em 21/12/1935. Em 1936, foi nomeado Paroco de Guarujá (Ilha de Santo Amaro), onde ficou até outubro de 1946. Foi iniciador da ação Social na região dos pescadores e abandonados da área rural.
Porém as dificuldades surgidas com a II guerra mundial bloquearam o projeto, porque os políticos não puderam cumprir suas promessas de ajuda. Dificuldades financeiras, em grande parte oriundas de um generoso coração acabaram levando o Bispo diocesano a propor ao Pároco Pe. CAIAFA, mudança imediata.
Foi então nomeado vigário da Paróquia de N. S. de Fátima em Santos, (''Caminho do Matadouro''), não tomou posse. E contando com o apoio de um grande amigo Pe. Milton Santana, recebeu de D. Paulo de Tarso Campos, Arcebispo a Diocese de Campinas, a Paróquia de ''Artur Nogueira'', onde ficou cerca de três anos. Até que em novembro de 1950, foi nomeado cooperador da Paróquia de Apiaí, quando era Pároco o Revmo. Pe. AGENOR MARIA SANTANA.
O Pe. Caiaffa, tornou-se, então, o missionário das paróquias incorporadas: Apiaí, Ribeira e Iporanga, que incluia também, o atual Município de Barra do Turvo.
Em 1953, com a saída do Pe. AGENOR para o mosteiro de Itaporanga, onde o Pároco renunciante iria fazer experiencia de vida cenobita, a Paróquia de Apiaí, recebeu novo Pároco e o Pe. Caiaffa, foi nomeado Vigário das duas Paróquias vizinhas : Ribeira e Iporanga, agora desvinculadas por ato do Bispo diocesano de Santos, D. IDÍLIO JOSÉ SOARES.
Em março de 1959, Pe. Caiaffa é transferido para Cananeia.
As Paróquias de Ribeira e Iporanga retornam á situação de anexas á Paroquia de Apiaí. Em 21 de Dezembro de 1960.
Em 1960, já em Cananeia, o Revmo. Pe, Caiaffa, foi homenageado pelo Jubileu de Prata de Sacerdócio, é agraciado com o título de Cônego Honorário do Cabido Diocesano de Santos com uma grande festa..
Com a saúde bastante abalada, o Cônego Caiaffa é chamado para Santos. onde exerceu o cargo de Capelão, numa obra assistencial de amparo ao menor (asilo de adolescentes). Um dos irmãos do novo Capelão era o Provedor-Diretor dessa instituição beneficente, onde trabalharam religiosas da Congregação de Maria Imaculada. Era um internato com uma centena de meninas.
Cônego Caiaffa, sempre fora diabético, o que causou aparecimento de uma gangrena num dos pés, provocando muito sofrimento. Faleceu na Santa Casa de Santos, a 11 de Novembro de 1966, dando belo exemplo de fidelidade sacerdotal. Grande amor á igreja. Devotamento aos pobres, e desapego absoluto.
Em ato público realizado em Praça Aberta em Santos, frente a Prefeitura, pelo término da 2º guerra mundial, Pe. Caiaffa, fez o discurso congratulatório. Era de palavra fácil e eloquente. Antes de entrar para o seminário fora campeão de ping-pong. Com espirito alegre, dominava as rodas sociais, fazendo truques e mágicas, contanto pilherias e anedotas sadias.
Sua família pertencia á classe média. Tinha um irmão poliglota juramentado, que morreu em dificuldades financeiras em São Paulo. O Avô Caiaffa, fora o concessionário da primeira linha de bondes de atração animal da cidade de Santos. No cemitério de café era por demais conhecido o nome Caiaffa. Há em Itapeva uma rua com o nome de um irmão do Cônego Caiaffa, o qual era gerente de Banco. A memória do Revmo. Cônego Arnaldo da Costa Caiaffa, está perpetuada como força educativa para as nossas gerações. É dever de justiça. Nossa gratidão e homenagem e a de todos que tiveram a felicidade de conhece-lo.
Religiosas
Até esta data abraçaram a vida religiosa cinco filhas de Iporanga: Uma irmã do Monsenhor Oscar, Edna Maria dos Santos (Falecida), que adotou o nome de irmã Maria Madalena; outra Doroti de Souza, ainda vive, mora em Brasília, é filha do ex-prefeito, saudoso Professor Aníbal Ferreira de Souza, ela adotou o nome de irmã Maria Inês, e outra de nome Maria Adelaide de Lima (Falecida), filha do senhor Boaventura Mendes de Lima, que adotou o nome de Maria Anchieta. Além destas também começaram a trabalhar para o Reino de Deus em tempos mais recentes, a irmã Franciscana Nádia Maciel, filha do Sr. Edgar Maciel e do bairro Nhunguara a irmã Nadir Vieira, da congregação Verbo Divino.
A Política
Resumo histórico da política local
Segundo o Saudoso Benjamim dos Santos, a política em Iporanga foi muito agitada desde o fim da Monarquia até o começo da República próximo de 1910, quando eram Chefes Políticos: do Partido Hermista o Sr. Pedro da Silva Pereira, e do Civilista, o Coronel Descio( Raphael Descio, filho do Napolitano Dom Raphael Descio). Nessa época com a vitória dos Civilistas no município, apesar de o Marechal Hermes da Fonseca ser vitorioso nas eleições do país, os Hermistas mais exaltados da cidade, se aborreceram e transferiram suas residências para as cidades vizinhas, ficando paralisadas as questões políticas por longos anos. Falecido o Coronel Descio em 1917, assumiu a Chefia o Coronel João Esteves Neves, e após o falecimento deste, assumiu o Coronel Pedro da Silva Pereira Junior, (Nhozinho), que pouco tempo depois passou a chefia ao seu filho Sr. Pedro Caetano dos Santos, que dirigiu, por muito tempo, os destinos de Iporanga. Segundo Benjamim: o Sr. Pedro Caetano, era atencioso e delicado no trato, e por isso cativou a população, Sr. Benjamim, exagerou um pouco dizendo que a vida na cidade transformou-se em "Manso Lago Azul" que não durou muito, porque Rafael Descio Junior (o Fequinho) reativou a política em 1930, colocando fervura na disputa entre partidários de Santos x Descios. O Fequinho, juntou-se a companheiros e se organizaram em partido de oposição, que ficou conhecido como "Partido dos Descios" que foi se levantando até chegar ao ponto de ganhar as eleições, e dominar a política Iporanguense. Isto tudo, visto pelos simpatizantes da família Santos, com pessimismo, e que ainda traria muito prejuízo para o desenvolvimento do local.
A primeira eleição direta para prefeito, ocorreu em 1934, na ocasião o escolhido foi o Sr. Florêncio Alves Pedroso, abaixo estão alguns políticos daquela época.
Na foto vemos D. Paulo de Tarso Campos, bispo diocesano; mons. Luiz Gonzaga Rizzo, secretário da diocese; ao lado do monsenhor está o Pe. Primo Maria Vieira, que foi pároco da cidade ao lado direito do bispo vemos Isidoro Alfeu Santiago, nomeado pelo Juíz, ocupou a prefeitura por três meses, ele era de Apiaí, onde foi prefeito. Na janela esquerda Totó Borges, atrás do Isidoro, Diogo Lebre ex-prefeito, com o filho Tonico, pai do Tonhão a esquerda,acima um pouco a frente do Diogo está o Sr. Carlos Betim, pai do Almerindo Betim, atrás do Monsenhor está o Sr. Domingos Vitor de Souza, pai do Valdomiro Descio, hoje com 85 anos. Ao lado do Domingos está o Sr. Raphael Descio Junior, o Fequinho, ex-prefeito que tem ao lado, o Sr. Florêncio Alves Pedroso, primeiro prefeito eleito pelo povo em 1934. Na extrema direita o Sr. João Manoel de Oliveira e atrás dele um pouco acima o Sr. Juvenal dos Santos ex-prefeito. No vão central ao alto Pedro Caetano dos Santos ex-prefeito, e atrás ao seu lado o Sr. Lisboa, do Cartório, as últimas figuras de trás na porta central são: Meio de perfil o Sr. Sebastião Motta ex-prefeito e olhando para a frente o Agenor Descio, o garotinho entre os padres é o Zezico irmão do Sr. Jeremias ex-prefeito.
O Filme, mostrado abaixo, é de uma antiga eleição para prefeito; foi produzido por profissionais especializados, no ano de 1964, um pouco antes da ditadura, o patrocinador era o ex-prefeito Jeremias. Esta preciosa relíquia, já um pouco prejudicada por danos causados pelo descuido e até pela própria ação do tempo, nos permite resgatar a memória de momentos e personagens muito importantes para a história da política em Iporanga.
Luiz Nestlhener, na praça de mesmo nome.
A retaliação
Naquela época não havia o "assédio moral" (aquele negócio de colocar o adversário político na geladeira ou sentado em uma cadeirinha, ou transferi-lo para a divisa do município), tipo de retaliação muito praticada, hoje em dia, nos pequenos municípios do interior onde os cargos são mais políticos de que técnico, em razão da demissão ser muito complicada devido a solidez da estabilidade hoje, garantida pela legislação para empresa pública, independente disto, esse tipo de retalição não existe hoje em Iporanga, mas como não havia antigamente nenhuma garantia para o adversário, no dia seguinte da posse do prefeito contrário;
o balseiro quando acordava e olhava pela janela via a balsa no meio do Ribeira e assustado se perguntava: - O que faz a balsa lá no meio do rio? Será que escapou das amarras? Quando descia até a margem, para averiguar, caia na real, percebia que o balseiro era outro, e que o emprego já era.O mesmo acontecia com o motorista do Jeep da prefeitura quando via passar o veículo já dirigido por um adversário político, ou ainda o operador do gerador de energia da cidade, quando via as luzes da cidade se acenderem uma hora antes do horário, com o motor da luz operado por um novo funcionário que o substituiu. E por fim depois tentar receber os direitos e salários, era coisa para muitos anos e de cansativas viagens ao fórum da comarca, para quem sabe talvez, a viúva por as mãos em alguns trocados. Quem perdia a eleição sofria muita chateação por parte dos vencedores, os derrotados eram chamados de "cabeça inchada" trecho de uma canção (cabeça inchada morena, doi...doi...doi...) muito executada no antigo serviço de alto falante no município, que funcionava como uma estação de rádio, e tinha muita influência durante a campanha para a prefeitura da cidade. Varias canções eram associadas a personagens da cidade, surgiram até algumas composições de "jingles" , lembrava Benjamin dos Santos ( Domingos Vitor cof..cof...tosse...tosse...nunca morre...) para o Domingos Vitor, pai do meu amigo Valdomiro Descio, que me disse certa vez:- Naquela disputa o perdedor tinha que sumir da cidade, se não seria sabotado, ou alvo de todo tipo de humilhação, ou até preso, acho que até há um pouco de exagero.
Prefeitos
As fotos abaixo são de prefeitos de Iporanga no século XX
À direita Florêncio Pedroso primeiro prefeito eleito pelo voto popular em 1934; nas fotos do lado esquerdo estãos alguns prefeitos de Iporanga: 1 e 2 Pedro Caetano dos Santos 1944 a 1954; 3 e 13 Jeremias de Oliveira Franco 1964 a 1969 e 1973 a 1977; 4 Nho Zinho (Pedro da Silva Pereira, filho do Pedro Silva) 1910 a 1912 e 1922 a 1924; 5 e 14 Celso Descio (neto de Dom Raphael Descio); 6 Fequinho ( Raphael Descio neto de Dom Raphael Descio) 1948 a 1952 e1957 a 1960; 7 Atto dos Santos 1924 a 1925; 8 Carlos Diogo Nunes 1918 a 1919; 9 Diogo Lebre( Diogo Ribeiro de Oliveira) 1920 a 1921; 10 Chico Cardoso (Francisco de Paula Souza) 1952 a 1956; 11Sabastião da Motta 1921 a 1922; 12 José Carlos Barbosa 1983 a 1989; 15 Dr. Jamil Adib Antonio 1993 a 1995 a 2001 a 2004; 16 Juvenal João dos Santos1938 a 1942; 17 Benjamim dos Santos Lisboa 1945 a 1946; 18 Valfredo Ramos de Oliveira 1989 a 1993; 19 Professor Anibal Ferreira de Souza 1960 a 1964; 20 Theodoro Konesuk Junior 1969 a 1973 e 1977 a 1983
A Igreja matriz de Santana
Em 1802, chegou em Iporanga o padre Bernardo de Moura Prado. Ele vinha de São Paulo, para ficar em Iporanga e ministrar o sacramentos na antiga capela do Arraial de Iporanga,que havia sido refeita em 1755, e coberta com telhas, em substituição à capela do Arraial de Santo Antonio da Mina de Iporanga que era coberta de palha, ela recebeu então a imagem de Santana, doada pelo bandeirante Garcia Rodrigues Paes. Em 1800 a capela de Santana no antigo de Iporanga já estava em mau estado e os moradores de do Arraial já haviam quase todos vindo de mudança para as margem do Ribeira, onde a navegação era melhor e onde já se instalou um bom porto comercial entre cidades da baixada e do planalto. O arraial já se encontrava abandonado com a diminuição do garimpo de ouro, só restava praticamente a capela em estado de tapera. Os fieis tinham que se deslocar da foz do rio Iporanga junto ao rio Ribeira e se deslocar por uma légua. Essa situação implicava em grande sacrifícios para os fiéis que tinham que se locomover por caminho difíceis e perigosos através da floresta, por esta razão, o padre Bernardo, resolveu ao invés de reformar a antiga capela, construir uma nova igrejana localidade junto à foz do Ribeira. Para isso pediu autorização ao bispo da Diocese para levar adiante seu plano. Na barra do Ribeira Escolástica Maria Carneiro, tinha uma propriedade onde poderia se construir uma outra Igreja, a fim de evitar incômodo para ele e para o povo na viagem de uma légua para dentro do sertão. O padre pediu então à dita Escolástica que lhe vendesse o sítio dela e obteve como resposta que ela doaria o sítio como esmola para Santana. Feito isto, o Padre Bernardo convocou o povo colocar mãos a obra da nova capela, para tanto era necessário conseguir dinheiro para fazer a obra. Então fora feito uma grande roça de arroz para com esse recurso pagar pelo menos o mestre de taipas Francisco Alves. O povo não decepcionou no dia marcado todos compareceram com suas foices e machados e fizeram a primeira roçada no local onde hoje está a cidade de Iporanga. Depois de vendido o arroz da colheita, rendeu o valor líquido de 100 mil réis, foi mandado tirar provisão para a levantar as paredes da nova capela da seguinte maneira:
Em despacho de 7 de abril 1814, foi feito o pedido de provisão ao bispo de São Paulo. Dom Matheus de A breu Pereira, que em provisão datada de 11 de abril de 1815, assim escrita: "Eu padre Fernando Lopes de Camargo, Escrivão Ajudante de Câmara de suas Exa. Reva. o escrev: D. Matheus Bispo. Provisão para que V. Exa. Revma.há por bem conceder faculdade para redificação da Capella de Iporanga, termo da Villa de Apiahy, na forma assim declarada para V. Exa. R.m assignar" Vê-se que quem formulou o documento preocupou-se com a higiene, pois o Bispo D. Matheus exigiu que a igreja fosse eddificadaem lugar limpo, longe de lugares imundos e livres de maleita, demonstrou também muito claramente, que queria devoção do povo, pois a igreja não poderia ser construída em local despovoado, deveria também ter bastante espaço em torno de si, para se poderem realizar ao seu redor pomposas procissões. Sem as festas não entrava dinheiro nos cofres da igreja, e sem este, nenhum padre poderia se manter em um lugar composto por poucas casas. A igreja ficou pronta por volta de 1821, mas para ser inaugurado era necessário utilizar o patrimônio da antiga capela, para isso foi necessário fazer requerimento solicitando autorização e aguardar o benzimento do local. O pároco de Apiaí: Vigário Collado Generozo Alexandre Vieira, atestou em documento de 8 de outubro de 1821, que a igreja, para a comunidade que já funcionava aquase oitenta anos, e o padre Bernardo estavam aptos para funcionar. Munido deste documento o padre bernardo e os moradores, fizeram requerimento, com data de 17 de novembro de 1821, a D.Matheus a provisão para que a capela fosse benzida. aprovisão foi passada em 19 de novembro de 1821 escrita pelo padre Idelfonso Xavier Ferreiraoficial da câmara. bispo D. Matheus. Em 4 de junho de 1822 o padre de Apiaí, reverendo vigário collado e escrivão padre Antonio José Pereira de Carvalho, vistoriaram, benzeram e liberaram a nova igreja. O termo de bênção datado de 5 de de junho de 1822, também foi benzido o adro e toda área ao redor da igreja, para ser o cemitério.
A Câmara Municipal de Iporanga, em 1874, teve como seu primeiro presidente o Sr. Pedro Silva (Pedro da Silva Pereira), a quem me refiro sempre, para diferenciar como "Nhozão', por que o filho deste, "Nhozinho", era batizado como Pedro da Silva Pereira Junior. Para os escravos, "Nhozinho" era a maneira respeitosa e carinhosa de se manifestar, em relação ao primogênito do patrão.Quem de Iporanga não conhece a rua Pedro Silva que tem seu início ali na praça central atrás da matriz. Ela tem esse nome em homenagem a Pedro Silva, cuja casa, que a ele pertenceu, situada na mesma rua ainda hoje era ocupada por Dona Dadã até os 96 anos de idade, que era bisneta dele. Meu avô, Honório Corrêa, que conseguiu chegar a idade dos três dígitos, ou seja atingir os 100 anos, ele conheceu o Sr. Pedro Silva em 1902, quando veio do bairro Caboclos para aprender as primeiras letras com seu padrinho Amâncio Felix Valois. Dizia que o político já estava muito idoso, com idade muito avançada, tinha uma volumosa barba branca. O velhinho era muito religioso e estava sempre ajoelhado na antiga igreja de São Benedito, no largo do Rosário, orando com o terço nas mãos. Depois do Pedro Silva que foi o primeiro grande nome da Câmara Municipal, uma figura que se destacou em nossos tempo, foi o Sr. Almerindo Betim, que presidiu a casa na administração do prefeito Celso Descio de 1947 a 1951. De 1952 a 1955 no governo do Chico Cardoso ( Francisco de Paula Souza) eram presidentes primeiro o Sr. Pedro Caetano dos Santos, depois o Sr. Dito Senfim (Benedito de Andrade Resende). De 1956 a 1959 novamente com Celso Descio na prefeitura, a Câmara foi dirigida pelo Dr. Djalma Descio e Eduardo Pedro de Lima seu primo. No mandato do Professor Aníbal Ferreira de Souza de 1960 a 1963: o comando da Casa ficou com Sr. Odorico Maciel da Silva e Carmo Amato, este último ficou desaparecido da Iporanga uns meses após assumir a presidência da Câmara, o que após sugestão do Sr. Nascimento Sátiro realizou eleições onde elegeu o Sr. Juquica, deposto por mandado judicial pedido por Carmo Amato, este colocado de volta por ordem judicial voltou ao cargo até o final de 1963. Carmo, era administrador da Mina da Mármore, para o Engenheiro Aderbal. No primeiro mandato do Sr. Jeremias de Oliveira Franco, eram presidentes o Ziza (José Diniz Barbosa), vendedor de caçados de Itapeva e depois Oswaldo da Silva Pereira, bisneto do Pedro Silva e de 1969 a 1972 no período do Konesuk júnior, o presidente da câmara foi o Sr. Jeremias de Oliveira Franco e Euclides Pereira da Silva.
Lendas e causos
O Morro das Avencas
As lendas mais conhecidas são sobre: ”O Encantado Morro das Avencas” Meu contava que Um escravo, de sobrenome Siqueira da Vila de Apiaí, estando para sofrer um castigo de seu amo, resolveu fugir; o que fez metendo-se pelo mato a dentro, ao passar por um morro todo coberto de avencas, escorregou, indo ao chão,quando, então, inesperadamente, agarrou-se em um punhado daquelas plantinhas, que por não suportarem o peso do corpo, se desenraizaram, deixando a vista o terreno todo dourado de ouro que ali existia, deixando o homem perplexo. Siqueira então levantou-se rapidamente verificou melhor e constatou que o morro todo “era de ouro”. Voltou para casa do amo, levando tudo quanto pudesse em ouro para conseguir o perdão. Para isso arranjou alguns canudos de taquara e os encheu do precioso metal. Ao chegar na presença do amo, depois de contada a história daquela descoberta, comprou a liberdade e a sua alforria. O senhor do escravo ambicioso e diante de tamanha riqueza, preparou-se com os recursos necessários para explorá-la, partindo imediatamente para aquela direção, em companhia do ex-cativo, porém jamais conseguiram encontrar a trilha que dava acesso ao MORRO DAS AVENCAS; posto que, o negro não havia seguido por caminho algum quando fugia temendo ser alcançado em sua fuga. Houve ainda um engenheiro estrangeiro(alemão Emílio Grense)que ali envelheceu e morreu procurando “O Morro das Avencas”, ele percorreu muitíssimas vezes o sertão entre Xiririca,(hoje Eldorado Paulista) e Guapiara. Presume-se que a existência do morro está entre, Pilões e Guapiara, ou na cabeceiras do ribeirão Iporanga. Emílio, abastecendo-se de mercadorias , ora e uma e ora em outra cidade da região, e sempre voltava para o sertão. Entretanto apesar do grande esforço, morreu sem conseguir encontrar o local encantado!
A lenda das bolas de fogo( Contada por Lígia da Serra dos Mottas em Iporanga)
Contavam os antigos que algumas bolas de fogo,apareciam no céu do Bairro Serra de Iporanga. Não era um fenômeno frequente mas, pareciam serem reais, apesar de não terem eles;documentação fotográfica que comprovasse a existência de tais fenômenos.
Minha mãe que nasceu na Serra de Iporanga há mais de 70 anos e que lá viveu a infância e, adolescência me relatava que também presenciou de noite as tais, bolas de fogo no céu e que ,pareciam com "tochas de fogo " de cor alaranjada clara ou azulada e sempre muito brilhantes, eram vistas na estrada que liga Iporanga à Apiaí, SP. E que voavam, com movimentos lentos e aleatórios. Essas luzes eram vistas ás vezes sob a copa das árvores, mostrando sua irradiação por entre os arbustos e a relva. Em outras ocasiões surgiam no céu, logo ao entardecer brilhantes e luminosas transitando sobre o vale em trajetórias aleatórias, mudando vez ou outra a sua velocidade e intensidade de luz que acendiam e apagavam rapidamente,como que piscando no céu de ponta á ponta. E que os antigos moradores lhes davam denominações originárias das lendas regionais antigas como,"mãe-do-ouro" do tempo dos bandeirantes e também Boitatá” provavelmente procedente do mito guarani,” mbai-tatá”, palavra transformado pelos portugueses para” Boitatá” e mãe d”água”, ou "fantasma" dos portugueses.E que as tais bolas de fogo, foram por muito tempo consideradas ,pelos moradores da região como assunto fora de moda, crendice popular “coisas dos antigos”. E que não se devia dar crédito a tais histórias, pois se corria o risco de ser chamado de ignorante ou até mesmo louco.
Mais recentemente muitas pessoas do local, voltaram a afirmar e acreditar que as tais bolas de fogo, são verdadeiras e que são freqüentemente avistadas na região por muitas pessoas. Há centenas de relatos, sobre essas bolas. Praticamente não há na região quem nunca as tenham presenciado, e que algumas pessoas já as avistaram por várias vezes. Alguns acreditam que seriam, OVNIS (objetos voadores não identificados).Atualmente alguns jornais da região como por ex: a Tribuna do Ribeira e o Cruzeiro de Sorocaba), noticiaram sobre as tais bolas de fogo porém não se aprofundaram no assunto. Publicaram que em outubro de 1978, nas proximidades da cidade de Iporanga uma senhora estava colhendo cipó, quando voltava para casa e que sua neta caminhava mais á frente, um pouco distante dela; a certa altura a menina virou-se para conversar com sua avó; porém não obteve resposta, pois a senhora havia desaparecido misteriosamente e repentinamente sem que a menina percebesse. No dia seguinte foram feitas buscas no local e proximidades, com a intuito de encontrar ao menos o corpo da mulher, porém todas as buscas foram em vão. Muitos entenderam que, um disco voador ,abduziu e levou a mulher não se sabe pra onde e que os extra- terrestres, não quiseram mais devolvê-la á terra.
E que muitos moradores de Iporanga e de toda a região do vale costumam contar histórias, que vão desde o surgimento de bolas de fogo até o contato com estranhas criaturas talvez “extra- terrestres”. No entanto este e outros mistérios permanecem até os dias de hoje sem explicação.
O Abismo do André!! ( Contada por Lígia da Serra dos Mottas em Iporanga)
Essa história aconteceu no século passado, no bairro da Serra de Iporanga. Em um local denominado "Aberta do Leão" diga-se de passagem nome dado ao local pelo meu bisavô.
Nesse local, há um abismo conhecido como "Abismo do André" que recebeu esse nome porque um escravo fugitivo, foi trabalhar para uma senhora de nome Prudência Motta, uma matriarca do povo da Serra. O verdadeiro dono do escravo ficou sabendo do ocorrido foi até a fazenda dos "Motta" a sua procura. E assim cobrar uma indenização pelo uso indevido do escravo. Ela querendo se livrar dessa dívida, antes que o fazendeio chegasse ela convenceu o seu filho José a matar o escravo. Ele deveria convidar o escravo André para caçar e lá na mata, matá-lo.
E assim foi... Preparam um virado de carne de frango embrulharam para viagem levantaram-se bem cedinho e lá foram mata adentro onde hoje faz parte do parque estadual "Petar". Chegando na "Aberta do Leão", onde há um abismo de grande profundidade. José pediu ao André que se aproximasse do buraco para ver o que havia lá. Quando o escravo se aproximou, José rapidamente o empurrou para o buraco adentro. José voltou para casa ao anoitecer e disse a mãe que havia feito o combinado; que era matar o escravo André. E quando o fazendeiro apareceu, eles disseram que não haviam, visto nenhum escravo pela região.
Depois de muito tempo foi encontrado no abismo do André por praticantes de rapel uma ossada humana. Diz a lenda que até hoje ouvem-se gritos que saem do abismo e que esses gritos são do escravo André pedindo socorro! E que José enlouqueceu e cometeu suicídio alguns poucos anos após o ocorrido.
Aconteceu a mais de um século, em 1790, no Sitio dos Boavas, contavam os antigos moradores de Iporanga. "Os Boavas se apossaram de terra alheia. Os proprietários incendiaram a casa e as plantações, mas os posseiros mataram dois homens e resistiram. Veio a polícia, uma escolta de Xiririca. Balearam um soldado e se afundaram na mataria da Serra. Voltaram à noite, liquidaram o restante da escolta e carregaram os pertences para os lados da caverna de Água Suja, às margens do Betari.
Por muito tempo ninguém soube deles. Nenhum Boava pelas redondezas. Nenhum..."
Prof. João de Sousa Ferraz
Penso que os Boavas provavelmente seguiram pelo sertão, no sentido quilombo Bombas Serra do Senfim, Lageado, Anta Gorda, até Itaoca.
Nesta foto dois descendentes dos Boavas, ilustres cidadãos da história de Itaoca: Ciriaco Boava e Paulo Boava, talvez nada a ver com a história do professor Ferraz...
Nesse local, há um abismo conhecido como "Abismo do André" que recebeu esse nome porque um escravo fugitivo, foi trabalhar para uma senhora de nome Prudência Motta, uma matriarca do povo da Serra. O verdadeiro dono do escravo ficou sabendo do ocorrido foi até a fazenda dos "Motta" a sua procura. E assim cobrar uma indenização pelo uso indevido do escravo. Ela querendo se livrar dessa dívida, antes que o fazendeio chegasse ela convenceu o seu filho José a matar o escravo. Ele deveria convidar o escravo André para caçar e lá na mata, matá-lo.
E assim foi... Preparam um virado de carne de frango embrulharam para viagem levantaram-se bem cedinho e lá foram mata adentro onde hoje faz parte do parque estadual "Petar". Chegando na "Aberta do Leão", onde há um abismo de grande profundidade. José pediu ao André que se aproximasse do buraco para ver o que havia lá. Quando o escravo se aproximou, José rapidamente o empurrou para o buraco adentro. José voltou para casa ao anoitecer e disse a mãe que havia feito o combinado; que era matar o escravo André. E quando o fazendeiro apareceu, eles disseram que não haviam, visto nenhum escravo pela região.
Depois de muito tempo foi encontrado no abismo do André por praticantes de rapel uma ossada humana. Diz a lenda que até hoje ouvem-se gritos que saem do abismo e que esses gritos são do escravo André pedindo socorro! E que José enlouqueceu e cometeu suicídio alguns poucos anos após o ocorrido.
Os Boavas
Conflito de terras em Iporanga, Caverna Água Suja
Aconteceu a mais de um século, em 1790, no Sitio dos Boavas, contavam os antigos moradores de Iporanga. "Os Boavas se apossaram de terra alheia. Os proprietários incendiaram a casa e as plantações, mas os posseiros mataram dois homens e resistiram. Veio a polícia, uma escolta de Xiririca. Balearam um soldado e se afundaram na mataria da Serra. Voltaram à noite, liquidaram o restante da escolta e carregaram os pertences para os lados da caverna de Água Suja, às margens do Betari.
Por muito tempo ninguém soube deles. Nenhum Boava pelas redondezas. Nenhum..."
Prof. João de Sousa Ferraz
Penso que os Boavas provavelmente seguiram pelo sertão, no sentido quilombo Bombas Serra do Senfim, Lageado, Anta Gorda, até Itaoca.
Nesta foto dois descendentes dos Boavas, ilustres cidadãos da história de Itaoca: Ciriaco Boava e Paulo Boava, talvez nada a ver com a história do professor Ferraz...
Recebi um e-mail do Claudio Dias Batista, em resposta ao que escrevi para ele, onde entre outras coisas, ele atendeu ao meu convite para que fosse colaborador deste nosso espaço sobre Iporanga e os personagens extraordinários, que fizeram a história passada desta população. Anexo à mensagem, o Claudio gentilmente nos enviou, e nos deixou a vontade para publicar, um marvilhoso texto seu sobre Carlos Diogo Nunes e Gordiano Dias Batista, que eu transcrevo abaixo com a maior fidelidade possível:
Carlos Diogo Nunes - Nascido em Iguape, SP, em 3 nov 1851. Filho de José Nunes da Silva, natural da Ilha Graciosa nos Açores, Portugal, nascido em 17 nov 1798 e de Maria das Neves Luiza de Toledo, iguapense, nascida em 26 de janeiro de 1830.
Com a primeira mulher, Martinha Julia Cardim (filha de José da Silva Cardim e Felicidade Maria do Espirito Santo), com quem casou-se por volta de 1887, teve: Carlos Nunes Junior (Nho Carrinho), Maria Isadora Nunes (Nhá Lica), João Evangelista Nunes, Cecilia Nunes, Antonio Nunes (Nhõ Nico) e José Nunes.
Com Caetana de Lima (Nhá Coca) casouse em 4 jan 1900 e teve, João Severiano Nunes, Maria Felicidade Nunes, Júlia de Lima Nunes, José Saturnino Nunes, Virgília Nunes, João Evislásio Nunes, Maria da Glória Nunes (Glorinha), Isabel Nunes, Arcádo Nunes e Lourenço de Lima Nunes.
1949 - Jardim da Luz São Paulo: Lourenço de Lima Nunes, José Saturnino Nunes, Juquinha Lisboa e o Quinzinho, filho de Nhá Guilhermina.
Na terceira vez casou-se com Marcelina Cardim, irmã de sua primeira mulher Martinha, de quem teve Adelaide Nunes e Arminda Nunes.
Diz Raimundo Pastor em Alegrias, Agruras e tristezas de um Professor:
"...Carlos Nunes, homem de seus setenta anos. Entendia de medicina homeopática. Era o homem proposto pelo Coronel Esteves para servente das Escolas Reunidas. Usava bengala quando saia de casa. Sempre decentemente vestido, era alinhado, correto".
Em 1873, estava em Iguape. Era colchoeiro, porteiro da Camara municipal guarda de embarcacoes,encarregado da iluminacao publica, e ainda guarda do chafariz.Tinha 22 anos a esta epoca. Nesta epoca, um navio a vapor, o "Iguapense", fazia a navegacao Ribeira acima duas vezes por mes, indo ate Xiririca, hoje Eldorado. Carlos era uma espécie de médico. Curava as pessoas. As informações são de que talvez tivesse cursado medicina no Rio de Janeiro. Em maio de 1995 localizei seu batizado em Iguape. Sua mãe não era casada com seu pai, que segundo informações de Martinha Nunes, era um português, chamado José Nunes, que era casado no além mar, possuindo outra familia. Foi ele, Carlos, quem projetou o sistema de água encanada de Iporanga. Escolheu o ponto a partir do qual a água seria retirada, possivelmente uma nascente. Entendia de tudo um pouco. Funilaria, a arte de trabalhar a lata, era mais uma de suas múltiplas facetas. Em visita que fizemos à Iporanga, José Saturnino Nunes, vivo naquela ocasião insistia que seu pai nascera no dia 4 de nov 1851.
Em 15 de jan 1878 Carlos Diogo Nunes assina pela primeira vez como vereador em Iporanga. Também assina em 22 jun 1878, 28 jun 1878, 8 jan 1879, 31 jan 1880. A partir do ofício da Câmara ao Presidente da Província de 31 jan 1880, não consta mais como vereador. (In oficios de Iporanga -Arq. Publ. do ESP).
No livro de qualificação de eleitores de Xiririca de 1881 aparece como morador em Iporanga, na rua da Imperatriz, casado, artista, 30 anos, filho de José Nunes da Silva.Sabe ler e escrever.renda anual 200$000.
Parece ter havido uma boa amizade entre Rafael Descio e Carlos. Eram compadres reciprocamente.
No Livro Geral de Votantes de 1895 é negociante. Em 1896 negociante e latoeiro.Em 1904 aparece no Anuário Comercial do Estado de São Paulo em Iporanga, com olaria, colchoaria, e lavoura de cana. Seu filho como funileiro.
Martinha Nunes, conta que aos 16 anos de idade esteve visitando o vovô Carlos em Iporanga. Ele morava na rua que hoje leva o seu nome. Na oportunidade Carlos mostrou-lhe, numa saleta, sua coleção de espécies minerais: várias amostras, entre elas, chumbo, ouro (pequenos pontos em outro mineral), manganês. Em outro armarinho, junto a parede, em pequenas bacias de ágata, instrumentos cirúrgicos, como bisturí, e tesoura: usava-os para fazer curativos. Contou ainda, Martinha, que ele tinha um livro grosso, de onde tirava as receitas homeopaticas, o Quinaipe. Era um livro de cerca de 10 cm de largura por 40 cm de comprimento por 25 cm de largura.
Ainda sobre os minérios, Martinha acrescentou que eles foram retirados do terreno que ele possuia e que deu origem a disputa judicial entre o Carlos Nunes Jr. e Toninho Agibert. Possivelmente a extração foi feita pelo Engenheiro Carlos Ratt, alemão que no século passado esteve em Iporanga, fazendo pesquisas geológicas. Juntos, os dois Carlos deram o nome de "Gruta de Santana" à famosa caverna em Iporanga, em homenagem à padroeira da vila. --
Em 17 de julho de 1902 é nomeado capitão cirurgião do 186o Batalhão de Infantaria da 62a. Brigada Militar.
Diz Raimundo Pastor em Alegrias, Agruras e tristezas de um Professor:
Capitulo 11:
Mas eis que, de subito, o Diario Oficial traz a supressão do cargo de Delegado de polícia de carreira...Na primeira canoa que desceu o rio, desceram o Barbudo e o delegado (Pereira Dias). Este, ao deixar a pensão disse ao Carlos Nunes: -Guarde-me esta mala de roupa. Na volta ajustaremos contas dos meus atrasados. Isso para mim é quirera.
Capitulo 12 - A mala.
Os dois desceram o rio. Nhô Zezinho debaixo do pala, aquele mesmo pala rústico, com furos de traça e cor indefinida, que alguns classificavam "cor de burro quando foge". Semana e meia depois voltava Barbudo, sozinho. O Carlos Nunes indagou: - "Quedê o delegado, compadre?"-Pra dizer a verdade, compadre, logo que chegamos lá, cada um "garrou"seu caminho. Ele ficou de me procurar mas não procurou. Não sei o que foi feito dele.-Acontece, compadre, que ele me deixou a mala de roupa para guardar e mais um contão para pagar.-Ficou devendo, compadre?-Se ficou devendo? Desde que esta aqui não pagou um mês de pensão, nem uma garrafa de cerveja, das muitas duzias que bebia por mês. Nho Zezinho franziu o nariz, mas disse:-Guarde tudo compadre. Os homens me prometeram restabelecer já a delegacia de policia...Com a delegacia ele virá. Quinze dias depois o ex-delegado de polícia de Iporanga era nomeado comissário de policia adjunto a Delegacia Regional de Bauru. O hoteleiro procura Nhô Zezinho:-Como é, compadre, o Doutor Pereira não vem mais. Ele já foi prás bandas de Bauru...-Bem, mas ele há de vir buscar a mala de roupa. Não pode andar nú. Se deixou a roupa aqui, tem de vir buscá-la...Em todo o caso, o senhor escreva a ele uma cartinha, lembrando a mala e a dívida. O Carlos assim fez. Como a resposta não viesse, julgou-se extraviada a carta e mais uma foi mandada, registrada e mais enérgica, no encalço do ex-delegado de Iporanga. O mesmo silêncio sepulcral da primeira vez. Foi registrada...deveria ter recebido.-Compadre, o homem não responde mesmo.Que faço eu com o contão que me ficou devendo? Sou pobre como o senhor sabe. Preciso desse dinheiro e o homem não dá acordo de si...-Compadre Nunes, não vejo caminho que o senhor mandar-lhe a conta registrada, com recibo de volta assinado por ele, dizendo que se não mandar pagar no prazo de 60 dias, o senhor fará as autoridades abrirem a mala e mandará por em leilão o que ela contiver e, com esse dinheiro, se cobrará de tudo. Uma terceira carta foi, nas condições indicadas e um mês depois vinha o recibo da entrega, assinado pelo doutor. O Carlos reconheceu a assinatura. Desta vez havia certeza de que a carta fora recebida. Cumpria esperar o prazo dado. Naturalmente agora, o doutor iria tomar uma deliberação. Decorridos os 60 dias, o Carlos Nunes desesperou e foi novamente ter com Nhô Zezinho:-Compadre, aquele homem não paga mesmo. É um velhaco. Ao senhor, que é o chefe político, cumpre tomar as providencias para abrir a mala e botar em leilão a roupa que tiver. O Barbudo mandou chamar o delegado de polícia leigo (pois a delegacia de carreira não fora restabelecida), o prefeito, o juiz de paz e mais alguns vereadores, e, com toda a solenidade, em ato público, a mala foi arrombada. A expectativa era grande. Dentro havia, como peça de maior valor, um volume do Dom Juan Tenório. O resto eram jornais e trapos velhos".
Carlos faleceu em 10 out 1937 em Iporanga.
© 2004, Claudio Dias Batista. Todos os direitos reservados.
Gordiano Dias Batista
Gordiano Dias Batista filho de THOMÁS DIAS BATISTA.
Termo de batismo como se encontra grafado:
Aos dezesseis dias do mes de Maio de Mil settecentos, e oitenta e nove, na Capella de Iporanga, filial a esta Matriz de Santo Antonio da Villa de Apiahi , Baptizou e pos os Santos Oleos O Reverendo Capellao Coadjuntor Frei Antonio da Assuncao ao innocente =Gordiano= filho do Alferes Thomas Dias Baptista, e de sua mulher Donna Rita de oliveira Rosa; foram padrinhos Antonio Jose de Barros, solteiro, e Leodgaria da Silva, casada, todos moradores na dicta v\Capella e freguezes desta paroquia, do que fiz este assento, que por verdade assignei . O Vigario Thomas Alves de Castro
Seu irmão João Paulo, foi seu tutor com a morte do pai em 1802. No censo de 1807 aparece morando com João Paulo e com outro irmão, Rafael de 10 anos.
O Casamento:
Aos dose de dezembro de mil oitocentos e dose nesta villa de Apiahi, depois de feitas as tres canonicas admoestacoes, sendo dispensados do segundo grau de sanguinidade, e em presenca das testemunhas Manoel Joaquim Duarte do Valle, e Lourenco Dias Baptista, pessoas de mim bem conhecidas procedendo o sacramento da penitencia, em minha presenca se casarao com (patens) de presente Gordiano Dias Baptista filho do Capitao Thomaz Dias Baptista, e de sua mulher d. Rita de Oliveira Rosa com D. Senhorinha, filha de D. Angela de Oliveira Rosa e do Capitao-Mor Antonio Duarte do Valle, ja falecido, naturais e todos fregueses desta paroquia e na missa lhes dei as Bencaos nupciais na forma da Igreja e por verdade fiz este assento que assignei. O Vig. Generoso Alexandre Vieira.
Em 1812 o censo indica que ele é o cabeça da família, sendo casado com Senhorinha de 17 anos. Moram com ele o irmão mais velho, João Paulo (28) e o mais novo, Antonio (18). 5 escravos e dois agregados negros.
O censo de 1813 traz Gordiano e a esposa Senhorinha, com 7 escravos e o filho Bento, de um ano. Gordiano planta para sobreviver.
No Censo de 1814 aparece com 7 escravos.
O censo de 1820 informa que planta arroz e tem os filhos Bento (10), Mafalda (7) e Catarina (1). Tem 13 escravos.
É Alferes entre 1825 e 1830. Tinha plantação de 1000 acres de arroz, 100 de milho, 20 de feijão e 100 de farinha.
No censo de 1842 é "elegivel" e morador no sexto quarteirão. Em 27 ago 1851 sua patente era de tenente.
Faleceu em 2 de novembro de 1861. Causa Mortis: "hidropezia".
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1850 - O sub-delegado de Iporanga, Gordiano Dias Baptista, solicita às autoridades provinciais que se efetue a Rafael Décio, português estabelecido há mais de vinte anos no local, o pagamento que lhe é devido pela construção da cadeia local.
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Dom Raphael Descio
Outro dia quando saia do cemitério local, logo após o sepultamento do meu primo Elias, entre os túmulos vi um pedaço de uma lápide de mármore muito antiga, daquelas que foram trazidas do cemitério velho, que foi demolido pelo prefeito Konesuk, por falta de terreno, para dar lugar ao posto de saúde, hoje funcionando naquele local. No cemitério antigo haviam peças de mármore italiana, esculturas, anjos, grades de ferro, etc., trazidos da Itália, que chegavam aqui transportados em canoas. Eu me lembro ainda que no final dos anos 50, e começo dos anos 60, na minha idade escolar, quando comecei a ler as primeiras palavras, algumas vezes entrava no cemitério velho já em ruínas, que era ao lado da antiga escola estadual, para brincar e olhando para aqueles túmulos centenário e abandonados, mas que pareciam ter sido feito com muito carinho, luxo e requinte condizente com a riqueza e o padrão cultural da época, detalhes estes, que nos leva a refletir sobre o passado de como foram estas pessoas, fatos que naquele tempo já despertava minha curiosidade. Tanto é verdade que as vezes, não via passar as horas, lendo epitáfios, olhando datas, nomes e fazendo cálculos, de quanto tempo viveu este, ou aquele, em que ano nasceu e a que família pertencia. Lembro-me ainda hoje, que vi ali nomes de pessoas falecidas pouco depois de 1800 e nascidas na segunda metade do século de 1700. Ainda hoje me acompanha esse interesse de conhecer e descobrir observar detalhes. As vezes qualquer coisa, um objeto, uma palavra, um nome ou uma data pode me dispertar a atenção ou ativar a curiosidade. Concluído o assunto acima, voltamos à história da lápide que mencionei no começo deste texto, nela podia-se ler perfeitamente o nome de Raphael Descio, na lasca que restou da pedra e também com um certo sacrifício ler uma parte das datas, o restante ficou na parte que se separou da pedra e que provavelmente nunca seja encontrada. (voltei ao cemitério no feriado, acompanhado dos meus dois filhos garotos, para conferir as datas da pedra e levantado um pouco a cabeça consegui ver a umas quatro tumbas adiante, sobre a mármore do pai do Valdomiro de Jacupiranga, Domingos Vitor de Souza, falecido em 1940, um viajante do Rio que veio para Iporanga e casou-se com uma das filhas do Coronel Descio, um pedaço de mármore menor, foi exatamente o que você pensou, juntamos as partes e elas se encaixaram). A curiosidade é que, os restos da tumba desprezados sobre um túmulo da Necrópole Municipal, pertencem ao bisavô paterno do prefeito.
Eu conheço um pouco, sobre a vida dos antigos Descios, e muito pouco sobre os novos. Entre outras coisas eu sempre quis saber um pouco mais e escrever sobre o Napolitano Dom Raphael Descio e seu filho com nome igual ao do pai, mas que na vida, abraçou a carreira de professor das primeiras letras, passou também por algumas frustrações e dificuldades, que vou comentar em outra ocasião. Era conhecido como Coronel Descio (Foto ao lado feita a um século após 1900), e que teve um filho de nome Raphael Descio Junior, o Fequinho, Além do Celso Descio, Abgail (Nha Bigóta) e outros. Eu sabia por pessoas antigas que o Coronel havia falecido com pouca idade, mas não consegui descobrir exatamente qual, e ali naquela lápide estava a resposta, já que os dados ali gravados eram deste filho de Dom Raphael, pois sabemos que não se tratava do Patriarca Napolitano, pois este faleceu em 10/02/1865, e ali se encontrava gravado a data de 02/03/1917. Qualquer estudo sobre o Coronel Descio, obviamente abre uma estrada em linha reta, que nos conduz ao nome do grande vulto da nossa história, Dom Raphael Descio, era”Dom” porque assim escreveu o Revº Pe. Bernardo de Moura Prado, por muitas vezes em seus escritos na freguesia de Santana de Iporanga, povoado já em local novo fundado pelo padre. O Italiano Dom Raphael Descio nascido em Nápoli no ano de 1794, veio para o Rio de Janeiro, conforme me disse o bisneto Sr., Valdomiro Descio, 84 anos, lá em Jacupiranga, e dona Mariquinha 95 anos, esposa do neto Sr. Celso Descio em Apiaí, ele, mencionou até um recorte de jornal da época, que se encontra em posse de alguém da família lá em Sorocaba, que noticia a saga do Napolitano, que por questões de uma revolta política mau sucedida, foi colocado numa caixa embarcado em um navio que o trouxe ao Brasil para poupa-lo de uma punição ou uma retaliação drástica que poderia terminar na escada do patíbulo. Chegando ao Brasil veio para Iguape e de lá para Iporanga onde se estabeleceu, em Iporanga foi contemporâneo do alferes Gordiano Dias Baptista, de Salvador Henriques, José Mendes Torres, Joaquim de Moura Rollim, Pedro da Silva Pereira e outros. Traços da vida econômica e da trajetória dele eu consegui encontrar numa parte da excelente obra para doutorado do economista Agnaldo Valentin do Departamento de História da USP, cuja reprodução segue nas linhas seguintes inserida neste texto: . Na lista nominativa de Apiaí em 1835 numa das épocas que Iporanga estava vinculada àquela vila, Dom Raphael aparece como italiano, 41 anos negociante e proprietário de engenho de arroz, detentor de 7 escravos e ainda contava com a presença de outros 6 agregados em seu fogo (sua propriedade), todos pardos, produzia 400 alqueires de arroz, 26 de feijão, 150 de farinha de mandioca e auferia uma renda anual de um conto de réis. Tinha em seus livros 754 devedores, enquanto em época semelhante outro comerciante de Iguape e produtor de arroz José
"Nos confins de Iguape e da Serra do Mar, entre as minas, agora quase abandonadas, de Paranapanema e de Piauhy, ha um grande distrito aurífero, que promette muito, e cujo centro he o território de Iporanga" (José Bonifácio/Martins Francisco-1846)Bonifácio de Andradas e Silva ( Foi chefe do Gabinete de D. Pedro I e o Patriarca da Independência tinha em seus livros 583 devedores e entre 1837 e 1861 executou 277 remessas 16.172 sacos de arroz. Faleceu dois anos antes de Dom Raphael) Ainda na lista referia sobre Dom Raphael e relatava o inspetor de quarteirão: ” Sabe ler e escrever em várias línguas e em outra ciências.” Naquele ano a produção de arroz em Iporanga superava 15 mil alqueires – sendo o grande produtor. Além de Dom Raphael, Gordiano Dias Baptista (Filho de Thomas Dias Baptista já falecido em 1802) produziu 1000 alqueires e José da Silva Gomes, com 800 alqueires, além de outros de produção menos expressivas. Dos três principais produtores, porém nenhum atingiu a marca de Dom Raphael, que entre 1837 e 1864, executou 238 remessas, totalizando 19.081 sacos de arroz. Dom Raphael Descio, faleceu 10 de fevereiro de 1865, em seu testamento, feito em Iguape no dia primeiro do mesmo mês, Dom Raphael afirmava residir em Iporanga há trinta e cinco anos e que tivera dois casamentos. (Antes de continuar o texto abro este parênteses meu, para esclarecimento que considero importante, pois que eu pude perceber pelo primeiro parágrafo que Dom Raphael Descio, fez o documento aqui mencionado, a praticamente uma semana antes de sua morte, que provavelmente ocorreu em Iguape pois dificilmente ele estaria de volta para Iporanga em tão pouco tempo por um percurso muito longo, que era feito de canoa subindo o Rio Ribeira com remos e atravessando cachoeiras vertiginosas. Também nos leva a conclusão que seu filho Raphael (Coronel Descio) nascido em 03 de abril de 1864, contava apenas 10 meses de vida, e que também não seria o primogênito do ultimo casamento, e que o velho experimentou a paternidade com mais de 70 anos e seu filho cresceu infelizmente com a frustração de não ter conhecido e convivido com o pai tão ilustre). Seguinte o testamento registra que Dom Raphael do primeiro casamento teve duas filhas, uma casada com Eugênio Mallet, residente no Rio de Janeiro e outra casada com Domingos Puygari, este ultimo casal falecido. Do Segundo casamento dois filhos, um deles o Raphael, acima mencionado e sobre o outro não se tem notícia. O genro Domingos faleceu em 1855. No ano do falecimento possuía uma casa comercial na rua da Glória em Iguape., porem nos livros, constavam nas dívidas ativas, predominantemente moradores de Iporanga e Apiaí, representando 69% da riqueza bruta £ 1.023. O restante dividia-se entre bens móveis(20%) e de raiz (11%), nos bens móveis estavam as mercadorias da loja. No de raiz, sua casa na vila de Iguape. A dívida passiva de Domingos, £ 1.253com as Casas Comerciais Fluminense, resultando em riqueza líquida negativa de £ 230.
O inventário de Dom Raphael Descio contém inúmeras peculiaridades, desde o testamento onde, Dom Raphael nomeia a própria esposa como testamenteira, único caso de uma mulher a receber esta incumbência em todos testamentos localizados dentro dos processos, até o intrincado método de avaliação de bens, resultando um volume de mais de 350 folhas a avaliação dos bens iniciada em 19 de junho de 1865 e realizadas pelos avaliadores José da Silva Cardim e João de Moura Oliveira, durou 5 dias e também se constitui em caso único onde os avaliadores afirmavam, ao final de um dia de trabalho, não poderem continuar realizando sua tarefa por não haver mais tempo. A riqueza bruta total, £ 11.137, distribuia-se entre bem de raiz (12%) escravos (21%), dívidas ativas (59%) dinheiro (5%) e móveis (3%) e as doações representavam 12% da riqueza bruta, as dívidas passivas correspondiam a 3% da riqueza bruta, duas pertencentes a casas comerciais cariocas e outra a João José Martins de Iguape. As propriedades rurais 14 em seu total, concentram-se em Iporanga e Apiaí e Segundo descrições guardavam aspecto de abandono. A presença de engenho de arroz ocorria em duas delas, uma divisa com o rocio da freguesia e outra em local denominado Ribeirãozinho. Quatro casas na freguesia e uma em Iguape completavam a lista dos bens de raiz. Foram avaliados ainda 40 escravos, a um valor médio de Rs.567$750. Entre os bens móveis, além das mercadorias da loja, dois alambiques e os móveis, da residência, Dom Raphael possuia 432 livros redigidos em português, espanhol e francês, avaliados por Rs. 50$000. A forma como as dividas ativas foram apresentadas merece destaque: os 476 registros em conta de livro, que somavam £ 3.528, viram-se distribuídos em três lotes distintos: cobráveis (17% dos devedores e 9% do montante), de difícil cobrança (26% dos devedores e 14% do montante) e incobráveis (57% dos devedores e 77% do montante). Já os 172 créditos, totalizando £ 2.506, indicavam maior solvência: 70% deles eram cobráveis, No conjunto das dívidas ativas, 35% do valor compunham a parte receptível, Segundo a opinião dos herdeiros de Dom Raphael. Se este critério for correto, então a riqueza bruta de Dom Raphael atingiria £ 6.880, equivalendo a uma redução de 38%. Esta acumulação de créditos e contas de livro compõe a principal forma de transação comercial no Vale do Ribeira durante o Oitocentos. Também como o caso de José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos principais comerciantes iguapenses durante as décadas de 1840 a 1860. A imagem mostrada acima de José Bonifácio foi colocada para que possamos ter uma idéia de como seria Dom Raphael, já que ambos tinham em tudo um perfil semelhante e viveram exatamente na mesma época e na mesma região.