Iporanga de Matheus Theodoro da Silva e o BóiaCross.
Primeiro quiosque construído por Matheus, na Caverna de Santana PETAR, onde além de residir, ele vendia bebidas e salgadinhos para os raros turistas que apareciam. No local hoje existe um edifício do governo.
Atualmente vemos sempre nos poderosos canais da TV aberta, ou mesmo em canal fechado, apresentações de varias modalidades de esportes radicais, mas para nós de Iporanga existe um destes esportes com o qual temos uma afinidade especial. Trata-se do esporte conhecido como Acqua-Raids ou BóiaCross .Fiz, imprimi e doei o cartaz 42X30, para o Matheus em 1988. Na figura do "aquanauta" usei pincel e nankin. O papel é amarelado pela velhice.
A explicação é simples: para quem não sabe, em Iporanga, no ano de 1979, surgiu um embrião, o início da origem e história do BóiaCross. Embora não seja do conhecimento de todos, tudo está documentado e registrado em nossa memória. É ainda legítimo dizer que o esporte surgiu em Iporanga, unicamente pelo esforço solitário de Matheus Teodoro da Silva. Ele foi sempre o principal incentivador e lutador para a consolidação do esporte com boia, praticado nas nossas correntezas. Além disso Iporanga com suas belas cachoeiras e corredeiras naturais sempre ofereceu um cenário perfeito para essa atividade. Portanto, para falar sobre o BóiaCross é necessário antes contar a historia deste grande personagem do passado.BóiaCross-SportTV
Matheus apareceu na cidade no inicio dos anos 70, era um forasteiro sozinho, mineiro de Cambuí, viajado como se diz na linguagem popular, uma pessoa madura, entrando para a faixa da terceira idade, com a experiência de já haver percorrido varias localidades turísticas no interior do Brasil, conforme pudemos saber através do acervo de seus antigos álbuns fotográficos e textos deixados. Ele desembarcou em Iporanga, vindo de Iguape, cidade que residia. Chegou na região atraído por alguma reportagem sobre as cavernas, ou informações obtidas de alguma agencia ou turista. Era semana do carnaval, por coincidência ele, trouxe também na bagagem, um histórico de participação em festas folclóricas, encontros culturais, bailes de salão, fantasia e desfiles carnavalescos, ele não bebia, mas onde tinha uma roda de samba ou alguém tocando e cantando, começava a dançar sempre só e as vezes dançava com uma tira amarrada na cabeça. Naquele carnaval ele dançou e pulou sempre sozinho desde a primeira até a última noite. Apesar de não ter uma boa formação acadêmica, era muito interessado na cultura, história, folclore e turismo. Era também visionário e futurista, logo a primeira vista se entusiasmou com o potencial turístico, as riquezas naturais, histórias e folclores local.
Na foto acima, o Matheus Theodoro da Silva.
Na foto acima, o Matheus Theodoro da Silva.
Diante de tudo isto, Matheus viu, gostou e ficou. Ele, pessoa muito boa simples e bem intencionado, não tardou para fazer amizades, principalmente com pessoas de perfil parecido com o seu, como o Sr. Tota da coletoria e o Sertanista Manuel Marques, etc. Pessoas até estranhas, que tinham comportamento introspectivo.Foto à esquerda: Matheus, fantasiado dançando sozinho, no carnaval.
O Sr. Tota, trabalhou e residiu em Iporanga no final dos anos 70, era funcionário público e trabalhou na Coletoria Federal, era magrinho, alegre, gostava de todos, fazia festinhas em casa, bebia muito, gostava de cozinhar e nunca foi visto acompanhado de mulheres. Viajava nos finais de semana para Sorocaba, onde visitava a família.
O Manoel Marques, era uma figura estranha, sisudo, muito rude, austero, morava no bairro Serra dos Motas, onde estão concentradas a maioria das cavernas do Petar. Veio de São Paulo e trouxe D. Carmosina, que era sua companheira e mãe de seus filhos. Espeleólogo e sertanista, explorava cavernas, minérios e florestas. Parecia ter formação acadêmica, tinha estilo próprio de vestir-se, até para caminhar na mata, foi amigo do alemão Sr. Luiz Nestlhener e do Clayton Lino, pessoas com quem fez intercambio de informações sobre cavernas e descobertas na região.
feito por Manoel Marques para o Matheus IpoTur.
A população tinha uma certa desconfiança quanto ao Manoel, ele andou pelos bastidores das florestas da região, no meio de uma época em que o país passava por um longo período da ditadura militar, que teve origem na revolução de 31 de março de 1964.
Para uns ele talvez pertencesse para o grupo do então subversivo, Capitão Carlos Lamarca, para outros seria algum ex-nazistas dos que se esconderam por aqui depois da segunda gerra mundial. No entanto seu pioneirismo na exploração
da natureza foram e ainda são úteis para a revelação de alguns dos segredos das nossas riquezas naturais.Teleférico no Morro da Coruja, um sonho do Matheus.
Por conta da amizade que o Manoel tinha com o Matheus Theodoro ele fez o primeiro levantamento topográfico na Caverna de Santana e desenhou o mapa detalhado das áreas conhecidas no interior da caverna, com título estava escrito para o IpoTur e aparecia em destaque a logomarca da IpoTur, criada pelo Matheus com ajuda do Manoel Marques. Desenhou também vários esboços de anteprojetos imaginados por Matheus, em papel manteiga, entre eles um que mostrava um teleférico turístico que descia do alto do morro da Coruja até o porto do ribeirão Iporanga.Matheus é lembrado ainda hoje, em Iporanga, por sua paixão e verdadeira cidadania demonstrada por tudo que dizia respeito a nossa cidade. Seu empenho pessoal em busca de recursos tanto nas secretarias do governo como em empresas privadas e as viagens e correspondências para os meios de comunicações com o objetivo de divulgar seus projetos e colocar Iporanga inserida no mapa turístico do nosso país foi incansável. Entre seus projetos o que mais se destacou foi aquele que ele inicialmente denominou Acqua-Raids, que depois passou a ser conhecido como Boia-Cross, e no Paraná inicialmente como Câmara-Cross.
Na foto acima vemos a premiação na festa onde aparece a miss Acqua-Raids, Elaine Maluf, do V Campeonato Brasileiro, de Acqua-Raids 1987, em Iporanga. A esquerda esta o Matheus Theodoro (com a tira presa na cabeça) e ao seu lado o vencedor Alberto Carlos, com o troféu e a Elaine; o Ito ( Luiz Nestlhener Filho); o Branco( Edson Marcos de Lima) e o Sidnei Maciel, ambos com o certificado de participação.
Jovens se divertem no Boiacross |
O esporte definido como radical consistia em disputar uma competição no rio Betary, onde a corredeira é muito forte, ou ainda no rio Pardo, percorrendo distância de 5000 metros, com tempo de 40 a 60 minutos, para tanto, era necessário e obrigatório, primeiro saber nadar, além disso equipar-se com: macacão ou calça comprida; camisetas de mangas longas; tênis para proteger os pés; meias de futebol por sobre as barras da calça; caneleiras; câmaras de ar para caminhão tamanho 9X20 ou 10X20; ainda mais que indispensável capacete, e ter idade entre 15 e 50 anos.
Havia premiação e troféus para os cinco primeiros e certificado de participação para os demais competidores. A entrega do prêmio era feito pela Miss Boia-Cross em um evento realizado na mesma data, em evento realizado à noite em local apropriado na cidade de Iporanga. As inscrições eram feitas por correio ou na cidade na sede da IpoTur, encerrando-se em no máximo um dia útil antes do início do campeonato.Rio Betary, local da largada, no Petar, junto à Caverna de Santana.
O Matheus era orgulhoso do projeto e enfatizava em seus primeiros cartazes patrocinado pelo Expresso Princesa dos Campos S/A, que o esporte ACQUA-RAIDS era Sui-Generis . Os Aquanautas, (palavras criada pelo próprio Matheus) equilibrando-se em câmara de ar, deslizam velozmente pelas águas das corredeiras de Iporanga, numa invenção típica paulista, que para muito supera o SURF importado do HAWAÍ. Ainda segundo ele Iporanga era o paraíso do Acqua-Raids, idealizador e organizador dos eventos. No cartaz do quinto campeonato brasileiro de Acqua-Raids realizado em 1987, estava escrito em destaque junto ao título no cabeçario, em letras garrafais, a frase que ele gostava de repetir: " O único do gênero no Brasil e talvez no Mundo" .
Naquele ano, 02/02/1987 a classificação geral foi a seguinte:
Nome ....................................................................Tempo ................Premio ...................Procedência
1º - Alberto Carlos.......................Campeão.............45.......min. ...........Troféu .......................Iporanga2º - José Tadeu dos Santos.........V.Campeão......... 51........ " ...................." .........................Iporanga
2º - Edson Mota Rodrigues..........V.Campeão .........51........." ...................." ..............................Serra
2º - Nilton Andrade................. ...V.Campeão ........ 51........." ...................." ..............................Serra3º - Agnaldo Jesus de Lima ...................................52,30...." ...................."...........................Iporanga
4º - Darcy Aguiar dos Santos ................................54,00...." ..............Medalha...........................Serra
5º - Irineu Ramos de Lima .....................................55,00... " ...................."............................Iporanga
6º - Edson Marcos de Lima ...................................56,00... " .............Certificado.....................Iporanga
7º - Geovan Luiz da Silva.. ....................................57,00... " .....................".............................. Serra
8º - John Kennedy.................................................57,00... " ....................."...............................Cotia
9º - Agbaldo Oliveira Monteiro.................................58,00... " ....................."............................. Serra10º-Marcelo dos Santos.........................................62,00... " ....................."............................. Serra
11º-Sidney Maciel da Silva.....................................64,30... " ....................."............................. Serra12º-Adalberto Ramos de Lima...................................................................."...........................Iporanga
13º-Sandro Marcos Lopes.........................................................................."...........................Iporanga
O destaque foi a linda Miss Acqua Raid's !987, Srta. Elaine Maluf, que veio da cidade de Venceslau Braz, estado do Paraná e deu um toque de beleza ao evento. O Alberto com mais esta vitória, além de ser o recordista da prova, também sagrou-se bi-campeão, por haver vencido no ano anterior. Depois do evento o Matheus viajou com os aquanautas e a miss para cidades do interior, divulgando e promovendo o novo esporte radical.
A cada ano que passava, as competições tornavam-se mais importantes e conhecidas, em outras regiões e atraiam mais competidores, além de conquistar o interesse dos praticantes de canoagem, filiados em entidades de outras localidades. Hoje existe campeonato de Boia-Cross disputados em localidades como Brotas ou outros mais badaladas, com competidores mais preparados e promovidos por organizadores mais estruturados em todo o país, porém eu acredito que o nome do vaidoso, Matheus Theodoro da Silva, o maior incentivador e idealizador nunca é lembrado.
O Matheus quando chegou em Iporanga nos anos 70, residiu primeiro na pensão da Dona Jovita, depois instalou-se por uns tempos na rua Carlos Nunes onde começou a esboçar a ideia da criação da IpoTur, empresa de turismo que ele pretendia desenvolver para divulgar , estimular e explorar o turismo na cidade. Depois instalou-se na rua Dom Lúcio, 91 na parte de baixo da quitanda do Antonio Pito, onde começou a comercializar revistas velhas e vender jornais; primeiro a Tribuna do Ribeira, depois a Folha de São Paulo. Mais tarde mudou-se para a Praça Honório Corrêa, onde permaneceu por um longo tempo e finalmente mudou-se para a casa que construiu no Alto do Coqueiro. Morou lá por muito tempo e nesse período correu atrás de políticos e empresários em busca de recursos e apoio para seus projetos. Promoveu sozinho várias competições do BóiaCross, modalidade esportiva, que atingiu seu ponto mais alto do sucesso, no final dos anos 80, quando Matheus começou a ter problemas de saúde, e sérias complicações renais, enfermidade esta, que finalizou as derradeiras páginas de uma vida, que fora dedicada à cidade que ele, assim como poucos, abraçou e amou de verdade neste mundo, preenchendo o espaço, que antes só foi ocupado pela própria mãe.
Em sua narração sobre o último capítulo vivido por Matheus Theodoro da Silva em Iporanga Flauzina Corrêa falou: Certo dia no inicio do 1990, ainda no mandato do prefeito Valfredo, apareceu na porta da sala da minha casa e eu mandei que entrasse, o Sr. Matheus, ele aparentava não estar bem de saúde. Tivemos uma conversa objetiva, na qual ele foi direto ao assunto, pediu-me que cedesse-lhe um pequeno cômodo de madeira que eu tinha ao lado do meu hotel, que era utilizado como dispensa, ou fora ocupado pelos pedreiros que trabalhavam na obra de ampliação da segunda laje do hotel, mas que naquele momento o cômodo estava vago.
Sr. Matheus argumentou que estava meio adoentado e gostaria de ficar naquele lugar para continuar seus trabalhos, sem ter que subir muitas vezes até sua casa no Alto do Coqueiro, evitando maior desgaste para sua saúde, já muito debilitada. Comentou que estivera em São Paulo no hospital Bandeirantes tratando de problemas renais, pelo que ele me disse passou por hemodiálise e teria que voltar sem falta para o hospital, ou morreria, mas afirmou que para lá não voltaria de jeito nenhum. Diante desta situação neguei o pedido do Matheus para ocupar o cômodo, alegando que ele estava muito doente e poderia morrer ali sozinho e alguém me culpar, disse também que lá era um barraco provisório e que por isso seria desmanchado, e que os pedreiros ainda alojados ali. O homem voltou para sua casa. Neste mesmo tempo vários recados em telefonemas ao posto de saúde, pedia o retorno do paciente imediatamente ao hospital, pois se demorasse um dia a mais era morte certa. A resposta foi não disse que não voltaria de jeito nenhum e não foi.
Tínhamos um grupo na Igreja Católica que se reunia na Igreja de São Benedito, que participava de um encontro denominado Circulo Bíblico, que era dirigido pelo padre mvd. Efraim, que tinha como objetivo estudar o evangelho e fazer alguma boa obra social na comunidade, na pauta da reunião daquela semana conversamos sobre o caso do Sr. Matheus e alguns de nós juntos saímos a sua procura para convencê-lo a voltar para São Paulo e ao hospital. Encontramos-o já internado na Santa Casa de Iporanga,em péssimas condições de saúde e conseguimos que ele mudasse de atitude.
Depois de muita conversa Matheus chorou e resolveu enfrentar a situação, conseguimos um veículo e ele foi transportado para São Paulo onde ficou internado dois dias e faleceu. O hospital ligou para Iporanga perguntado se buscariam o corpo, ou se fariam o sepultamento por lá mesmo. Informado do recado o prefeito Valfredo veio pessoalmente me perguntar o que faríamos: se traríamos o corpo ou não. Respondi com um certo pessimismo que fizemos tudo o que pudemos quando ele vivia e que talvez agora pouco importava enterra-lo aqui ou lá. O prefeito discordou dizendo que não podemos deixá-lo lá afinal ele amava muito esta cidade, fez tudo o que pode por ela, lutou muito pelo nosso turismo, pelas nossas tradições. O prefeito saiu dali e acertou com uma funerária para fazer o translado e providenciar o funeral. A guardação ocorreu no antigo velório da Santa Casa de Iporanga, com a presença de poucas pessoas. dos políticos e pessoas da comunidade, poucos estiveram presente no cortejo entre eles, Willy Nestlhener, Nego Cabeça Branca, Walter Claro, Edivaldo, Neusa do Gervásio e Dilma do Milão. Na porta do cemitério aguardavam o prefeito Valfredo, a Lucinha da D. Elvira, Inês Mendes e o coveiro João Castilha. Na hora de baixar o caixão na sepultura fizeram um breve discurso, o prefeito Valfredo e o Willy, que tropeçaram e quase caíram dentro da cova. A casa e a banca de jornal do Sr. Matheus ficaram fechados. Um anúncio, em forma de edital, foi colocado em um jornal, chamando algum parente seu para que reclamasse o espólio. No entanto trinta dias se passaram e ninguém apareceu.
Passado alguns dias encontrei entre alguns papeis deixados, em minha casa, por acaso, pelo Sr. Matheus, em uma das vezes que esteve lá, esquecido sobre alguns livros da estante, um número de telefone da cidade Cambui-Minas Gerais, com o nome de uma de suas tias. Liguei para a tal tia e passei as informações sobre o falecimento a casa o ponto comercial e outros pertences deixado pelo sobrinho. Ela confirmou ser parente muito distante do falecido, disse também que ele não tinha mais ninguém, mais nenhum parente. No entanto não demonstrou nenhum interesse na casa e nos demais bens deixados, disse que tinha sua casa e suas propriedades lá em Minas e que não viria para Iporanga resgatar a casa e nada, pois a distancia era muito grande e etc, e etc. No mesmo dia houve uma reunião do Circulo Bíblico e apareceu naquele encontro uma mulher carente e desesperada dizia que o marido expulsou a de casa com os sete filhos pequenos, além disso ainda ameaçou-a de morte.Ela era filha do Dito Coisaruim canoeiro da Ribeira Acima, disse também que não tinha dinheiro para comer e não tinha onde dormir. Diante desta situação alguns membros daquela reunião, Eu , a Alvina com o Paulico, a Nice Konesuk e o Edivaldo resolvemos falar com o delegado sobre a hipótese de colocar aquela senhora aos menos provisoriamente na casa que era do Sr. Matheus.
Estabelecimento do Sr. Matheus na praça Honório Corrêa, 84, onde vendia os jornais: A Tribuna do Ribeira, A Folha de São Paulo e revistas diversas.
O delegado desaconselhou dizendo: -- Não! Isso é perigoso! Não façam isso é contra a lei. Saímos dali eu, a Alvina com o Paulico e o Edivaldo, entramos na casa, mudamos tudo o que estava ali para a casa da praça Honório Corrêa, onde funcionava a banca de jornais e revistas do Sr. Matheus, e ali ficou armazenado tudo por muito tempo.
Associados do Círculo Bíblico do padre Efraim na Igreja São Benedito nos anos 90. São as mulheres:Casemira, Ana do Janguinho, Antonia Pontes, Josefa, Elvira,Florentina, Maria do Dante, Ditinha, Isalina, Flauzina Corrêa, Maria Antonia, Alice do Sr. Paulo. Maria Chumba, Maria Marques, Lourdes do Juquica, Julia, Nha Marta, Margarida da rua da Palha, Nha Antonia mãe do Pão Doce, Glaucia, Bega, Samanta, Azenir, Donária. Os Homens: Padre Efraim, Zé Gustavo, Paulico, Zé Nuli, Dante, Rio Grande, Luis Antonio.
Depois a prefeitura efetivou a posse para aquela família. Os filhos cresceram e a D. Maria foi trabalhar em São Paulo, onde conseguiu melhorar ainda mais sua vida. Outro dia a Alvina me chamou para contar-me que a Maria dos sete filhos, esteve em Iporanga muito importante dirigindo o próprio carro. Não é uma benção? Parabéns!Matheus Theodoro da Silva está sepultado no Cemitério Municipal de Iporanga, e mesmo tendo deixado seus poucos bens, esforços e dedicação para a cidade, para os esportes radicais como: a canoagem e o rafting; para o turismo; deixou também a própria casa para sucesso de uma família.
A casa do Alto do Coqueiro passou por uma reforma e a chave foi entregue para a Maria dos sete filhos, como era conhecida. A comunidade forneceu também os móveis, eletro-domésticos, etc., além de roupas e cobertas, para ela e as crianças. O prefeito Valfredo providenciou sextas básicas para ela até o dia que ela recebeu o primeiro salário de um emprego na Fazenda Gamboa conseguido pelo Círculo Bíblico.
Depois de Matheus Theodoro, a procissão fluvial de N. S. do Livramento, no dia 31 de Dezembro, ficou mais enfeitada, com o brilho acrescentado pela participação dos jovens aquanautas e suas bóias.
Matheus não tem um túmulo, não tem um epitáfio e praticamente ninguém além do livro de registro dos túmulos dos mortos sabe onde é sua sepultura, e que também sobre o seu caixão já tem outro caixão "encavalado" (na linguagem de coveiro). Está aí, uma oportunidade para se fazer justiça e homenagem a um verdadeiro cidadão Iporanguense...Ainda que póstuma. Acorda Iporanga! Acorda Câmara Municipal! .