sábado, 12 de setembro de 2009



Todas as Bandas

Maestro Nato, Jed ( o fera do baixo) e a rapaziada

Banda Santa Cecília

A história da Banda Musical em Iporanga, segundo Benjamim dos Santos, começou nos últimos anos da escravidão, alguns membros da comunidade e amante da música, liderados por José Miguel dos Santos, que agruparam-se e formaram uma pequena banda com os instrumentos que possuiam e adquirindo os equipamentos que faltavam para complementar a Lira. Para esse grupo deram o nome de Banda Santa Cecília, como a Banda de Iguape. No ano de 1890 chegou na cidade, vindo de Curitiba, o Major Maestro e Compositor Bento Antonio de Meneses, político tio daquele que foi governador do Paraná em 1894, o Dr. João Doria de Meneses, (Gravura ao lado) político, maragato, reacionário e polêmico. Diziam na cidade que o Maestro era amigo e parceiro político do Nho Zinho (Sr. Pedro da Silva Pereira Junior) e que pertencia ao mesmo partido, e que o trouxe para Iporanga e o hospedou, para escondê-lo de alguma possível retaliação política por parte do movimento Republicano que derrubou a Monarquia em 1889. O Maestro Bento foi o fundador da Corporação Musical da Policia Militar do Paraná conforme o relato transcrito abaixo extraido do Site da PM do Paraná:



Maestro Bento Antonio de Menezes (Na Banda de 1857 a 1875)

No dia 12 de março de1857, o presidente do Governo da Província do Paraná, Zacarias de Goes e Vasconcelos, assinou a Lei de n° 30 que autorizava o tesouro da Província dispensar verbas para a criação de uma banda de música na Capital, que deveria ficar adida à Companhia da Força Policial. No dia 4 de julho do mesmo ano, o Ato 86 criou a Banda de Música da Companhia da Força Policial, tendo como seu primeiro maestro o cidadão Bento Antonio de Menezes, sendo que nessa época a banda era a única organização musical oficializada na Província do Paraná, participando das festas religiosas e civis da comunidade.

Em 1865, por ocasião da Guerra do Paraguai, o maestro Menezes viajou ao Estado do Rio de Janeiro acompanhando uma força destinada ao Paraguai, sendo que 8 músicos foram incorporados nas fileiras da Companhia da Força Policial. Destaque para o músico Clarimundo José da Silva, que seguiu para as linhas de combate como soldado corneteiro.

Imagens da Banda da Força Polical em 1868, dentre os músicos está o maestro.

No dia 22 de maio de 1880, o Imperador D. Pedro II ao visitar o Paraná, foi recepcionado pela Banda de Música, onde recebeu referências elogiosas do Imperador, conforme registrou o pioneiro jornal Dezenove de Dezembro

Sua primeira apresentação em público foi no dia 7 de setembro de 1861 já definitivamente organizada, participando ativamente em todos os momentos festivos do nosso estado e tornando indispensável a sua presença.

A Banda Santa Cecília era composta de 14 figuras abaixo relacionadas:
Era uma das figuras José Miguel que dirigia a Banda quando chegou o Maestro Bento, e depois da partida do músico e político de volta para Curitiba, nesta ocasião já com o nome de Banda Coração de Jesus. Os outros músicos que faziam parte do grupo eram: Zeferino dos Santos Lisboa - Reducino dos Santos - Atto dos Santos Lisboa - Reducino dos Santos - José Dino de Andrade Resende (Nhô Juquica, que foi prefeito da cidade em 1896) - João Antonio Santiago - Francisco Santiago (Chico Santiago) - José Roberto de Lima ( Daduca comerciante e prefeito da cidade em 1892) - Antonio Andrade Resende (Totózinho) - Silvério de Almeida - Crescêncio de Almeida ( Pai da Dona Elisa, que é cunhada do meu avô Honório Corrêa e mãe da Dona Maria marques ou Maria Corrêa) - Amâncio Felix Valois ( padrino e tutor do Honório Corrêa e Dona Elisa) - Francisco da Rosa Sousa (Chico Barulho) - Guilherme de Abreu (Guilê de Abreu)


Banda Coração de Jesus

Depois da partida do Maestro Bento, alguns músicos se desgostaram de tocar e se afastaram da Banda, mas o José Miguel conseguiu a muito custo reunir um novo grupo e substituir os que sairam e a Banda continuou em plena atividade, porém, com o nome de Banda Coração de Jesus. Faziam parte deste grupo: José Miguel dos Santos(Regente) - Zeferino do Santos Lisboa - Atto dos Santos Lisboa - Reducino dos Santos - Ernesto dos Santos - Antonio Alves Machado (Nico) - Francisco da Rosa Sousa (Chico Barulho) - David Zózimo Gonçalves - Antero da Silva Pereira ( filho do Nhô Zinho) - Felipe Nery - Galdino da Rosa, totalizando 11 figuras.


Banda Lira Iporanguense

A divisão causada pela preferência de escolha entre as duas principais famílias na política, em Iporanga era tão definda, que mesmo nos tempos em que a vila ainda era iluminada pelos lampiões de querosene e a economia local vivia um momento difícil, a partir de 1900, que mesmo tendo uma reduzida população urbana, havia no local duas bandas de música completas. Naquela época os músicos tinham prazer em tocar, paixão pela música e também participavam da banda pela devoção quando abrilhantavam cerimônias e festas religiosas, não havia salário para os músicos, apenas gratificação nas festas. A banda da igreja era dominada pela família Santos(eram mais religiosos). Já os Decios montaram a própria banda separada, só com músicos dos Decios.

Banda de 1926 - Em pé da esquerda para a direita: Atto dos Santos/José Lisboa/Publio/Manoel Corimba/Rodolfo/José Liseo/José Zózimo/Tótico Macário/João Custódio. Sentados da direita para a esquerda João Nunes/Isotico/Benjamim dos Santos Lisboa/José Miguel/???/Pedro Caetano dos Santos/???/O Garoto sentado é João Manoel de Oliveira com 14 anos de idade.

A banda formada pela família Santos era composta pelos seguintes músicos: Joaquim Evaristo - Totico Macario – Arabelo dos Santos – Tico França – Benjamim dos Santos – Pedro dos Santos – Antonio dos Santos – Laurentino Vieira da Costa – Totó Borges - Rodolfo Balseiro – José Eliseu – Juca Juvenal – Manoel Corimba – Nascimento Sátiro da Silva – Publio dos Santos – Professor Anibal Ferreira de Souza – José Zózimo – Atinho dos Santos – Atto dos Santos – Pedro Caetano dos Santos.

João Manoel de Oliveira e o jovem Ico Pinga, no ensaio. Até hoje, ninguém amou mais a banda musical iporanguense, do que o velho e folclórico, João Mané, tocador do baixo-tuba por quase oitenta anos.

A banda dos Decios era composta por: Amadeu Furquim Dias(Manduca) – Toniquinho do Diogo Lebre – Deolindo do Diogo Lebre – José Lisboa (o Lisboa) – Olavo do Lisboa – Juquinha do Lisboa – Lico (irmão do Jeremias ex- prefeito) – (Ditinho tio do Naná) – Valdomiro Descio – Agenor Descio – João Nunes – João Manoel de Oliveira – Dioniso – José Nunes.

Esta foto é da banda do meu tempo " A Lira Iporanguense" vemos da direita para a esquerda Pedro do Benjamim, Ico Pinga, Pedro Caetano dos Santos, José Eliseu, Carlos nunes, em primeiro plano batendo a caixa Tico França, atrás Benjamim dos Santos Tocando requinta, no fundo o Dito Brasil, João Manoel de Oliveita com o Baixo, com o Laurentino Vieira da Costa(Loro) à frente do baixo. Atrás do Eliseu vemos ainda o Henriquinho alemão e atrás do baixo do João Manoel o prefeito Zé Carlos, no fundo a direita a esposa do maestro e a filha e atrás do maestro; a professora Cecília Caetana Nunes.

À esquerda o Teixeira, ao lado Benjamin dos Santos seguido pelo filho Antonio, depois Zé Gustavo, Ico Pinga, Aristeu e o Pedro também filho do Benjamim, todos na entrada da Caverna de Santana.

Tocata nas tardes de domingo, com boa música, enfeitada pela transparente e perfumada fumaça do churrasco, sugerindo bebida gelada e bom papo, que acompanhe a carne mau passada. É nisto que se resume qualidade de vida e felicidade em Iporanga.

Depois que escrevi o parágrafo acima li por acaso um texto, que expressa este mesmo pensamento, e que diz:

“Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." (Mário Quintana).

Tocata em Iporanga



O serviço de alto-falante


O alto-falante e radio difusão em Iporanga, teve seu começo, nos anos 50, era um bom serviço, com músicas e gravações variadas que atendiam aos pedidos dos seus ouvintes, e fazia também muita política, isto quando o alto-falante era controlado por políticos da situação, no no governo do Sr. Celso Descio, havia uma discoteca variada e para todos as preferências. No começo dos anos 50 intitulava-se A VOZ DE IPORANGA, começava a audição às 6 horas da tarde com o DOBRADO SAUDADES DE MINHA TERRA e no final da noite, encerrava com o mesmo fundo musical, com a locução de José da Silva Trindade (Nho Lico).Quando o Sr. Celso Descio perdeu a política, o alto-falante passou a ser dirigido pelo Sr. Pedro Mendes dos Santos (Nho Mendes, chefe do escritório do IBGE em Iporanga e filho do Sr.Atto dos Santos), proseguiu por um longo tempo, assumindo a seguir o Sr. Francisco de Paula Souza (O CHICO CARDOSO), que foi prefeito da cidade. Alguns domingos, apresentavam-se ao microfone a dupla caipira Pedro Corrêa e Totó Borges. No segundo mandato do Sr. Celso Descio o serviço manteve a boa qualidade, desta vez conduzido pelo Sr. Benedito de Andrade Resende(O SENFIM), tinham, boa discoteca, e intitulava-se SERVIÇO DE AUTO FALANTES BANDEIRANTES. Depois devido às grandes brigas políticas, envolvendo o posto do auto-falante, o serviço andou sofrendo algumas interrupções e sendo conduzido pelo PEDRO CEM nos anos 60, por último nos anos 70, Dona Flauzina Corrêa, trouxe de São Paulo um conjunto de aparelho para animar as tardes da cidade, que por final doou à Paróquia de Santana nas mãos do Padre Joãzinho que ainda funcionou por algum tempo. A partir de 13 de junho de 1997 teve começo por iniciativa do Claudinho da Lucinha a primeira estação de RADIO FM DE IPORANGA, um sistema muito bom, para a era do vinil, que durou até o falecimento do ainda jovem Claudio. Desta data em diante o Niltom(Niltinho historiador e entalhador) proseguiu com o projeto da rádio comunitária, até 2001, quando fechou, só reabrindo em 2004, ano em que faleceu vítima de violência. Ultimamente esteve no ar a Correio do Vale FM dirigida pelo presidente da Associação da Terceira Idade, e entalhador em madeira, Sr. Marabá com a colaboração do Paulo Sérgio com o programa de pagóde e do Evaniel com a MPB, conforme seu comentário abaixo:


- “Os programas da nossa FM eram líderes de audiência. Todas as pessoas, principalmente nos bairros mais distantes, ficavam sabendo das novidades e curtiam suas músicas prediletas, através da Rádio FM. Eu tive o prazer de atuar na Rádio Correio do Vale FM, sob a direção do Gigante Marabá, com o programa Sequência de Classe, que tinha como objetivo, divulgar os compositores, cantores e músicos da MPB”


Eu tive o prazer de sintonizar , ou assitir no próprio estúdio alguns ótimos programas produzido e apresentado pelo Evaniel, onde alguns de nossos melhores artístas da MPB foram apresentados, alguns junto com sua biografia. Lamentamos a pausa nesta promoção que foi importante no resgate da verdadeira música brasileira e uma ótima fonte cultural para os ouvintes.. A emissora só deixou de funcionar por falta de apoio e recursos. Agora Iporanga aguarda o próximo capítulo desta interessante trajetória da comunicação local.



Quem foi Laurentino Vieira?



Pedro (do Benjamim), Laurentino (Loro) e João Bosco (do Benjamim)


Iporanga chora e lamenta a morte de um de seus mais ilustres filhos, o querido e saudoso Laurentino Vieira, conhecido entre nós como "Nho Loro" fato ocorrido no dia, 04 de agosto, em Itapetininga, onde viveu seus últimos anos. Perdemos um grande amigo, homem de caráter exemplar, boa pessoa, cristão de alma pura, ex-vereador, associado a entidade filantrópica São Vicente, que socorreu os idosos e necessitados na época que não havia amparo social para quem não contribuía para a previdência. Lembrado também como músico, figura, indispensável na Lira Iporanguense, foi goleiro da esquadra de futebol local, que fez histórias em tempos remotos, teve uma vida dedicada ao trabalho, ele foi o braço forte da construção da estrada Iporanga - Apiaí, onde permaneceu trabalhando na conservação da rodovia até se aposentar. Teve vários filhos, que conseguiu educar, fazer deles pessoas de bem e realizadas. O senhor Laurentino foi para a nossa velha-guarda uma referência.
Ficou para nós a certeza de que ele deixou o seu dever cumprido. Diante de tudo isso, para sua família, as nossas condolências, quanto ao nosso amigo temos certeza que ele já se encontra contemplando a face de Deus. A Câmara Municipal de Iporanga prestará homenagem a este importante cidadão na próxima seção a ser realizada. Neste momento, ele sai deste mundo para entrar na nossa história onde jamais será esquecido.


Núcleo Caboclos

Foto Junior Petar 09/09


No centro deste gramado, era a residência e pousada de tropeiros, que pertencia ao meu bisavo José Henriques Corrêa ( Juca Cabloco, apelido que recebeu por usar chamar todos por "CABOCLO" como forma de tratamento). Aí nasceram e viveram, meu avo Honório H. Corrêa (Honório Caboclo apelido herdado do pai)(foto ao lado Honório Corrêa e eu, na praça Honório Corrêa), o irmão João Henriques Corrêa, que descobriu a Caverna em 1890 e os outros seus dois irmãos Antoninho e José, também chamados Cablocos e as irmãs... várias, uma delas Cândida casada em 1896, com Justino Mendes Torres, Neto de Nuno Mendes Torres um dos fundadores de Iporanga.
José Henriques Corrêa, (o Zé Caboclo filho do Juca Cabloco, o primeiro Cabloco, de onde originou o apelido, teve por primeira esposa Catarina de Moura Rollim bisneta de José Rollim de Moura um dos fundadores de Iporanga. No bairro Cablocos( Nome dado ao antigo bairro por ser a casa da família Cablocos ) Nasceram também minha mãe e todos os meus tios e viveram ali até 1940, quando mudaram-se para a sede da vila. A Caverna foi adquirida pelo governo no começo do século passado junto com a Caverna do Diabo, até hoje temos cópia do documento de compra feito na ocasião pelo estado. 90% da área do parque estavam na propriedade de Salvador Henriques( Sobrinho de Tomaz Dias Baptista, o primeiro deste sobrenome, nascido em Iguape, viveu em Iporanga e casou em Apiaí, com a maior proprietária de escravos do morro do ouro, morreu em 1802) Salvador, segundo as escrituras lavradas pelo padre Bernardo de Moura Prado, abriu posse das terras em 1831, mandou para o local extremo da propriedade no local então denominado Sertão; o filho Hilário, e quando faleceu Salvador Henriques, em 1864, após os funerais, quando foi sepultado no adro da igreja matriz de Santana. A viúva Dona Maria Luiza conhecida por Maria Oríves, por ser ótima profissional na arte de trabalhar com ouro, mandou que o filho José H. Corrêa acompanhasse o irmão dele, mais velho, o Hilário. (José o que viria a ser "O Caboclo", e que era o caçula ecom apenas 9 anos de idade, a morar com o irmão Hilário no bairro Sertão), (Outro irmão Joaquim Henriques Corrêa, ficou com a mãe e alguns anos depois mudou-se para a cidade paranaense de Bocaiuva do Sul, onde fez fortuna, faleceu solteiro naquela cidade e embora o último herdeiro Honório Correa estivesse sido procurado para fazer o inventário, ele nunca foi, deixando os bens a revelia). Ocupava também uma área vizinha Benedito Henriques, filho natural de Salvador Henriques com uma escrava em Apiaí de Rita de Oliveira Rosa esposa deTomáz Dias Baptista. Esse filho era livre por ter Salvador comprado sua liberdade. Benedito morreu só. Diziam que tinha muito ouro enterrado; mas indagado sobre o tesouro no leito da morte respondeu: - "A terra deu a terra leve".